Veja momento em que PRF agride crianças em condomínio do RN. Vídeo

Duas crianças, de 12 e 14 anos, foram agredidas por um policial rodoviário federal (PRF) de folga no condomínio em que moram, em Mossoró (RN). Uma delas já teria sido agredida anteriormente pelo mesmo homem. O caso aconteceu no dia 18 de janeiro. O Metrópoles teve acesso às imagens das câmeras de segurança que flagraram a ação. Veja:

Nas imagens, é possível ver o momento em que o PRF se aproxima das crianças, de 12 e 14 anos. Ele aponta o dedo para o rosto do mais novo e puxa o cabelo da criança.

Depois o agente se a aproxima do mais velho. Em seguida, o policial se afasta, mas, antes de ir embora, agride o mais velho com pelo menos cinco socos. As crianças correm, o policial dá as costas e sai andando.

O Metrópoles conversou com as mães dos meninos agredidos, que relataram o ocorrido e o medo com o qual têm convivido. De acordo com as mulheres, o policial afirmou que, “porque o nível da sua patente é alta, nada aconteceria com ele.”


O que aconteceu?

  • As crianças de 12 e 14 anos se encontraram na área de lazer do condomínio onde moram, em Mossoró (RN), para jogar futebol. Um deles estava com uma bomba de ar para encher a bola.
  • Isabellyta Carlos de Sousa e a outra mãe, que prefere não ser identificada, relataram ao Metrópoles que receberam ligações dos filhos, duas crianças, de 12 e 14 anos, alegando agressão por parte do PRF.
  • O filho de Isabellyta, que tem 12 anos, se escondeu na portaria. De acordo com a mãe, ele levou murros e chutes na perna direita e ficou com lesões. Essa não seria a primeira vez que o PRF bateu no menino.
  • O outro menino, de 14 anos, levou socos no rosto e chegou a ter o nariz lesionado.
  • O policial teria cometido as agressões por não ter gostado de interações dos adolescentes com o filho dele, que tem 9 anos

Agressões

De acordo com Isabellyta, essa não foi a primeira vez que o PRF, que é instrutor de jiu-jitsu, agrediu o filho dela. Em ambas as agressões, o homem estaria descontente devido a interações dos adolescentes com o filho dele, que tem 9 anos.

“Dois minutos depois que meu filho desceu [para a área de lazer], ele retornou para pegar uma bombinha de encher bola. Ele me disse que ia jogar bola com o colega na quadra, só os dois”, conta Isabellyta.

Passados 15 minutos, o filho interfonou para a mãe da portaria. “A frase dele foi: ‘Mãe, aquele homem que bateu em mim uma vez me bateu de novo. Ele perguntou quem tinha chamado o filho dele para brincar e eu falei que ninguém tinha chamado, aí ele bateu na gente.’” A mãe foi ao encontro do filho e, assim que saiu do elevador, encontrou o PRF, que tentou “se justificar”.

“Ele disse o mesmo que na primeira vez, que tinha feito isso para ensinar os meninos a maneira certa de tratar o filho dos outros”. A mulher alega que os meninos não tiveram contato com o filho do PRF naquele dia.

“A imagem era muito chocante. A outra criança estava sangrando. Nariz e boca cortados, muito machucados e meu filho estava escondido na casinha do porteiro”, relata Isabellyta.

Foto colorida de menino de 14 anos agredido pelo PRF com nariz e boca sangrando - Metrópoles
Menino de 14 anos teve o nariz lesionado – Imagem cedida ao Metrópoles

“Você é mãe do cara que eu peguei?”

A mãe do menino de 14 anos conta que também estava em casa no momento que recebeu a ligação do filho. “Fui socorrer meu filho e vi toda a situação. Meu filho ficou bem machucado no nariz. Até hoje sangra. É bem difícil falar porque estamos com muito medo. Quando encontrei com ele [policial], ele disse: ‘Você é a mãe do cara que eu peguei?’”.

O policial teria, ainda, acusado as crianças de ameaçarem o filho dele com um canivete. Depois, conta Isabellyta, alegou que os jovens o teriam ameaçado. As mães negam que os filhos portavam canivete ou que tenham ameaçado qualquer pessoa.

As mulheres, por fim, contam que o homem afirmou que elas até poderiam procurar a polícia, mas que, como ele era policial, e a sua patente era muito alta, nada aconteceria com ele.

Caso de polícia

As mães fizeram um boletim de ocorrência contra o policial rodoviário federal. A polícia civil afirma que o policial assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), que formaliza o reconhecimento de que cometeu uma infração de menor potencial ofensivo, e foi liberado.

Ambas as crianças estão muito assustadas com o ocorrido, afirmam as mães.

O filho de Isabellyta está na casa da avó, junto da irmã. Já o menino de 14 anos e seus irmãos não conseguem dormir, já que são vizinhos de porta do policial. “Estou colocando barricada na minha porta toda noite. Meus filhos não estão dormindo. Se ele tentar entrar ou alguma coisa, pelo menos escuto e tenho a chance de ligar para polícia ou para alguém vir me socorrer”, relatou a mãe.

A 38ª Delegacia de Polícia de Mossoró investiga o caso. Testemunhas e as partes envolvidas já foram ouvidas.

O que diz a PRF

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou ao Metrópoles que tomou ciência do fato envolvendo o policial rodoviário federal de folga, no dia 20 de janeiro. A Corregedoria da PRF no estado abriu procedimento investigativo e se deslocou até a cidade para apurar o caso.

A PRF informa, ainda, que o policial está afastado das suas atividades. O Metrópoles tenta contato com a defesa do policial rodoviário federal. O espaço segue aberto para manifestações.

 

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