World ID: startup suspende coleta de íris em São Paulo

No final de janeiro, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) proibiu a Tools for Humanity (TFH) de continuar com a coleta da imagem de íris de pessoas no Brasil como parte da iniciativa World ID. Duas semanas depois, a organização anunciou que, em respeito à decisão, está suspendendo a coleta.

A TFH estava pagando o equivalente a R$ 600 para cada pessoa no Brasil que topasse fazer uma espécie de escaneamento de sua íris. A operação de coleta teve início em novembro de 2024.

Como não havia ficado claro para as autoridades brasileiras como esses dados eram tratados, a ANPD passou a investigar a atividade. Com base nesse trabalho, a ANPD anunciou a proibição da coleta de dados de íris em 24 de janeiro de 2025.

Apesar da determinação, os postos de coleta do World ID, instalados em pontos de São Paulo (SP), continuaram operando.

Nesta terça-feira (11/02), porém, a TFH informou que vai cumprir a determinação da ANPD, mas dá a entender que pretende retomar o registro de íris em algum momento. Os pontos de coleta permanecerão abertos, mas para fornecer informações ao público, segundo a organização:

A World respeita a decisão da ANPD. Como a ANPD está ciente, será necessário tempo para cumprir com a sua ordem. Para permitir que a World conclua as mudanças em coordenação com a ANPD e garanta conformidade durante esse processo, estamos voluntariamente e temporariamente pausando o serviço de verificações.

Os espaços físicos da World permanecerão abertos para fornecer educação e informações ao público e pedimos desculpas por qualquer inconveniente aos que desejavam se juntar à World agora.

A World segue seu compromisso em cumprir com as leis nos mercados onde opera e continuará trabalhando para garantir transparência e entendimento público desse serviço essencial, que busca aumentar a segurança e confiança online na era da IA.

Por que a ANPD proibiu a coleta de registros de íris da World ID?

De acordo com a ANPD, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) do Brasil exige que o tratamento de dados sensíveis, como informações biométricas (é o caso do registro da íris), precisa de um consentimento livre e espontâneo dado pelo cidadão.

Mas, no entendimento da entidade, a oferta de pagamento em troca da coleta influencia na livre manifestação de vontade do indivíduo em fornecer dados sensíveis.

A ANPD também considera que a coleta de dados do World ID viola outros termos da LGPD, como não permitir que a pessoa exclua as suas informações biométrica da base de dados do serviço.

O que é a Tools for Humanity e o World ID?

A Tools for Humanity criou o World ID como um serviço de verificação de humanidade. Seguindo a popularização e evolução das IAs, a empresa, que tem entre seus fundadores Sam Altman, CEO e fundador da OpenAI, visa criar um cadastro para diferenciar robôs e pessoas.

A ideia é que a íris coletada sirva como prova de humanidade em situações nas quais uma IA poderia ludibriar alguém.

Estima-se que, no Brasil, mais de 500 mil pessoas verificaram a sua íris nos postos do World ID para receber uma compensação.

World ID: startup suspende coleta de íris em São Paulo

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