Decreto de Trump interrompe parceria de combate a incêndios no Brasil

Decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu a ajuda externa do país a iniciativas internacionais e isso impactou diretamente no financiamento de uma parceria com o Brasil, cujo intuito é treinar brigadistas para combater incêndios florestais.

A medida foi decretada por Trump no dia da posse, em 20 de janeiro. Ela estabelece a suspensão, por um prazo inicial de 90 dias, de todos os projetos que preveem destinação de recursos para países estrangeiros.

Um desses projetos é, justamente, o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que existe desde 2021, após parceria entre os dois países. A iniciativa é executada pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros órgãos brasileiros.

Desde o início, foram executados mais de 50 cursos e treinamentos coletivos para capacitar brigadistas que atuam no combate a incêndios e queimadas no país. Entre os milhares de capacitados, estão, por exemplo, mulheres indígenas que passaram a combater o fogo nos respectivos territórios.

O Ibama foi informado da suspensão da ajuda internacional via e-mail. Ao assinar o decreto em janeiro, Trump alegou que o financiamento dos EUA a iniciativas externas “desastabiliza a paz mundial”, pois promoveria ideias contrárias a relações estáveis e harmoniosas, tanto internamente quanto entre diferentes países.

Auxílio a mais de 100 países

O programa de capacitação de brigadistas no Brasil era financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid), considerada hoje a maior doadora individual de ajuda humanitária ao redor do mundo.

Além do projeto no Brasil, a USAid financia iniciativas em mais de 100 nações. A agência foi criada durante a Guerra Fria, com o objetivo de aumentar a presença internacional dos EUA e combater o avanço da União Soviética.

Desde a campanha eleitoral, a USAid tem sido alvo de ataques dos republicanos e integrantes do atual governo. Trump chegou a dizer que a agência é composta por “radicais loucos de esquerda”.

O bilionário Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), afirmou que a agência é um “ninho de víboras marxistas de esquerda radical”.

Após as decisões de Trump, até a página da USAid na internet deixou de funcionar. Além do programa de capacitação de brigadistas no Brasil, a agência auxiliava, por exemplo, o programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para combate à fome e projetos de combate à Aids na África.

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