Devemos ter medo de usar o celular no bolso da calça?

As cenas desesperadoras do celular que explode no bolso de uma mulher tomaram a internet nos últimos dias. O Moto E32 estava na parte de trás da calça e começou a soltar chamas enquanto a jovem visitava uma loja de Anápolis (GO). No momento, todos aguardamos o trabalho da perícia para entender o que exatamente aconteceu.

Os consumidores estão assustados. O mesmo pode acontecer com mais gente? Quais os riscos de continuar usando o aparelho? Nas linhas a seguir, confira alguns elementos para compreender melhor o caso.

Muito calor

    Com exceção de modelos específicos para condições climáticas extremas, nenhum celular foi projetado para funcionar sob muito calor. Isso também vale para a célula de bateria, componente interno que fornece energia ao aparelho quando ele está longe da tomada.

    O caso ocorreu no último sábado (8), quando Anápolis marcava 29º, de acordo com o The Weather Channel. Não chega a ser tão quente assim – cidades do Rio de Janeiro têm passado com facilidade dos 30º nos últimos dias por causa da onda de calor.

    A calça

    Ao tratar da temperatura, no entanto, é preciso também observar a localização do aparelho: o bolso de trás de uma calça jeans.

    É possível supor que o contato da pele com o Moto E32 eleve a temperatura em mais alguns graus. Para completar, trata-se de um tecido denso, que dificulta a circulação de ar e, por conseguinte, mantém o calor por mais tempo.

    A saúde da bateria

    Especialistas em eletrônica com quem conversei em ocasiões anteriores reforçaram que a bateria precisa estar íntegra para funcionar bem. Ela não pode sofrer impactos nem perfurações. Os processos de fabricação desta peça melhoraram muito nos últimos anos, em especial depois do caso Galaxy Note 7.

    Agora que conhecemos a natureza da bateria, considere que o Motorola em questão chegou ao mercado em 2022. Nós não temos como saber se de fato aconteceu, mas uma hipótese seria a de substituição da peça por uma nova, já que a original poderia estar com capacidade reduzida – afinal, são até três anos de uso.

    Essa hipótese nos leva a episódios similares ocorridos no passado. Alguns clientes optaram por levar os aparelhos para lojas de assistência técnica. O trabalho de reposição foi feito, e depois descobriu-se que a bateria nova não era original nem cumpria os requisitos de qualidade.

    Ainda falta saber

    Nós não sabemos se o Moto E32 do caso em Anápolis passou pela intervenção citada acima. A Polícia Civil está realizando uma investigação cujas descobertas certamente nos ajudarão a entender melhor a questão.

    A Motorola informou que está em contato com a consumidora e que vai providenciar a análise técnica do aparelho. Ela também disse que todos os produtos são cuidadosamente projetados e passam por testes rigorosos.

    Enquanto isso, a jovem goiana se recupera em casa. Ela teve queimaduras de primeiro e de segundo grau pelo corpo, recebeu atendimento médico e teve alta no mesmo dia.

    Devemos ter medo de usar o celular no bolso da calça?

    Adicionar aos favoritos o Link permanente.