Alunos relatam como ficou rotina após veto de celular nas escolas

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionar, no dia 13 de janeiro, o Projeto de Lei (PL) que veta o uso de celulares e aparelhos eletrônicos portáteis na escolas, alunos contam como foi a volta às aulas e a adaptação às novas regras.

A lei é de alcance nacional e abrange tanto a rede pública como a privada.


Sobre a lei que proíbe celulares nas escolas

  • O Projeto de Lei nº 4.932/2024 foi aprovado pelo Congresso e restringe o uso dos celulares nas escolas.
  • O uso é proibido apenas em caso de recreação, sem se estender para emergências ou para fins pedagógicos.
  • A medida vale para todas as etapas da educação básica: ensino infantil, fundamental e médio.

Com a lei em vigor, a volta às aulas veio com a novidade da restrição dos celulares. Essa nova realidade, em que o aparelho só pode ser usado em casos de urgência, acessibilidade e fins pedagógicos, mudou a vida dos estudantes.

João Sartorelli Ferrari Monteiro, de 17 anos, explica como funciona o dia a dia sem o celular. No começo das aulas, diz ele, os telefones são recolhidos e guardados em uma caixa. Ao fim das aulas, os inspetores devolvem os aparelhos recolhidos.

O estudante do 3º ano do ensino médio de uma escola privada paulistana revela que, apesar de perceber uma diminuição na dispersão com a ausência do eletrônico, sente falta de registrar os momentos especiais do famoso “terceirão”.

“Sinto bastante falta, principalmente por a gente ser do 3º ano. Era muito legal ver os terceiros do ano passado postando os trotes no Instagram, vídeos falando sobre o terceiro e coisas assim. Sem o celular, está sendo mais difícil registrar esses momentos”, conta João.

No ensino fundamental da rede privada de Brasília (DF), os amigos Guilherme Silva e Enzo Borba, de 12 anos, tiveram uma sensação diferente do que seria a nova etapa da vida escolar. Ambos observaram a interação maior entre os colegas e até uma influência no barulho do ambiente.

“Eu já não tinha o costume de usar o celular, mas eu percebi que tem muitos alunos andando mais pela escola e tem até mais barulho, o que antigamente não tinha muito porque as pessoas ficavam só sentadas (olhando) no celular”, explica Guilherme.

Guilherme também reforça que, antes da proibição, eles já vinham sendo conscientizados em sala de aula sobre a importância de deixar o aparelho de lado nos momentos de aprendizagem. Então, dizem que não foi tão difícil se adaptar e guardá-lo na mochila ao longo do dia.

Uma outra questão levantada pelos alunos é o acesso à cantina. Com o avanço da tecnologia, muitos alunos usavam o cartão no próprio celular ou faziam o pagamento via Pix.

Enzo conta que isso ajudou os alunos a terem mais controle na hora de manejar o dinheiro para comer. “Tem gente que voltou a usar o cartão e também tem os que passaram a levar o dinheiro para comprar o lanche.”

Mudança necessária

As aulas da aluna da rede pública de Brasília Sofia Araújo, de 11 anos, começaram nessa segunda-feira (10/2). E, embora não tenha tido tempo de avaliar como estão sendo as mudanças, a estudante afirma que, mesmo com a reação negativa dos colegas, tem certeza que a longo prazo o resultado vai ser positivo.

“Eu presumo que os alunos vão ficar muito bravos pela proibição do celular, mas isso vai causar um efeito bom, porque eles vão poder socializar mais e prestar mais atenção nas aulas.”

Para a estudante, a lei foi muito necessária para frear o uso do celular em sala e também valorizar o trabalho do professor. “Foi necessária, porque tinha muita criança e adolescente que infelizmente usava muito o celular durante a aula. Eu acho que isso fazia com que o professor entendesse que a aula dele não era importante e que não fazia diferença nenhuma, quando é o contrário.”

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