Varejo desacelera em dezembro, mas fecha 2024 com melhor crescimento desde 2012

O volume de vendas do comércio varejista caiu 0,1% em dezembro, na comparação com novembro, considerando a série com ajuste sazonal. Apesar da leve retração no último mês do ano, o setor encerrou 2024 com crescimento acumulado de 4,7%, o maior desde 2012, quando a alta foi de 8,4%. No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, peças, material de construção e atacado especializado, as vendas recuaram 1,1% em dezembro, mas acumularam alta de 4,1% no ano.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (13), indicando que o comércio fechou 2024 com oito anos consecutivos de crescimento, impulsionado por setores como artigos farmacêuticos, veículos e eletrodomésticos.

Desaceleração no fim do ano e impacto setorial do varejo

Embora o resultado anual seja positivo, o desempenho de dezembro refletiu um comportamento heterogêneo entre os segmentos. Cinco dos oito setores analisados registraram queda no volume de vendas na passagem de novembro para dezembro:

  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -5,0%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -3,3%
  • Combustíveis e lubrificantes: -3,1%
  • Tecidos, vestuário e calçados: -1,7%
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,4%

No comércio varejista ampliado, as vendas de veículos e motos (-0,8%) e materiais de construção (-2,8%) também recuaram no mês.

Por outro lado, alguns setores apresentaram crescimento, como móveis e eletrodomésticos (+0,7%), livros e papelaria (+0,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+0,6%), mostrando que o consumo permaneceu ativo em determinados nichos.

Alta de 4,7% no ano e os motores do crescimento

No acumulado de 2024, o avanço de 4,7% no varejo superou todos os anos desde 2012 e foi sustentado por um aumento expressivo nas vendas de bens duráveis e produtos de maior ticket médio. Os setores com melhor desempenho no ano foram:

  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: +14,2%
  • Veículos e motos, peças e acessórios: +11,7%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: +7,1%
  • Material de construção: +4,7%
  • Móveis e eletrodomésticos: +4,2%

A expansão do setor farmacêutico e de perfumaria foi um dos principais destaques do ano, acumulando altas consecutivas e encerrando 2024 com o maior crescimento do setor nos últimos oito anos.

Enquanto isso, o segmento de veículos e motos registrou sua segunda alta anual consecutiva, impulsionado pelo maior acesso ao crédito e pelos estímulos fiscais ao setor.

Estados com maior impacto no varejo

Na passagem de novembro para dezembro, as vendas recuaram em 20 das 27 unidades da federação, com destaque para as maiores quedas:

  • Amapá: -9,3%
  • Espírito Santo: -6,2%
  • Roraima: -5,5%

Já os estados com maior crescimento foram:

  • Distrito Federal: +4,5%
  • Rio de Janeiro: +2,9%
  • Pernambuco: +1,4%

Na comparação com dezembro de 2023, as vendas avançaram em 23 estados, com destaque para:

  • Rio Grande do Sul: +8,1%
  • Pernambuco: +6,3%
  • Distrito Federal: +6,3%

Por outro lado, Amapá (-7,1%), Mato Grosso (-6,3%) e Maranhão (-3,3%) tiveram as maiores retrações anuais.

Perspectivas para 2025

Apesar do crescimento robusto em 2024, o setor varejista enfrenta desafios para manter o ritmo em 2025. A política monetária, o desempenho do mercado de trabalho e o nível de endividamento das famílias devem influenciar a trajetória do consumo nos próximos meses.

Com a inflação sob controle e a expectativa de cortes adicionais na taxa de juros, o comércio pode continuar a se beneficiar do cenário macroeconômico. Contudo, o desempenho do varejo dependerá também da evolução do crédito e da recuperação da renda real dos consumidores.

Para os próximos meses, setores como supermercados, vestuário e combustíveis devem ditar o ritmo do crescimento do varejo, enquanto bens duráveis podem enfrentar um cenário mais desafiador, dependendo do comportamento do crédito e da confiança do consumidor.

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