Mandante de sequestro e homicídio do PM Angerami é preso pela Rota

São Paulo — Foi preso, nesta quinta-feira (13/2), o homem identificado por ser o mandante do sequestro e do homicídio do policial militar Luca Romano Angerami, de 21 anos, que ficou ao menos 30 dias desaparecido antes de seu corpo ter sido encontrado em uma cova rasa no Guarujá, litoral de São Paulo. O detido foi identificado como João Marcus Galdino da Silva, conhecido como “Trolho”.

A prisão foi efetuada por equipes da Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), em cumprimento a mandado de prisão temporária expedido pela pela 1ª Vara Criminal de Guarujá.

Veja:

“Trolho” foi conduzido ao 3º Distrito Policial de Carapicuíba, onde irá permanecer à disposição da Justiça.

Morte do PM Angerami

Luca foi sequestrado, julgado e condenado pelo chamado “tribunal do crime” do Primeiro Comando da Capital (PCC) em abril de 2024, no Guarujá, litoral paulista. Ele foi morto com 18 tiros.

O corpo do policial militar foi encontrado apenas em 20 de maio, em uma cova rasa de um cemitério clandestino do Guarujá. Luca estava enrolado em uma lona com as mãos amarradas, tinha perfurações pelo corpo e um cadarço em volta do pescoço. Seu rosto estava desfigurado.

Uma tatuagem no braço esquerdo teria ajudado na identificação do PM.

O PM havia sido visto pela última vez em uma biqueira, como são chamados os pontos de venda de drogas, na madrugada de 14 de abril. Antes, ele havia passado a tarde com amigos na Praia do Tombo, ido a um bar de sinuca e depois a uma adega na Vila Santo Antônio.

A Polícia Civil acredita que Luca foi sequestrado na saída da adega. Por sua vez, os investigados dizem que o soldado chegou por conta própria ao ponto de venda de droga, perto do qual foi flagrado por uma câmera andando ao lado de um suspeito, e só foi arrebatado no local.

Segundo um dos depoimentos, de Carlos Vinícius Santos da Silva, o Malvadão, o PM parou o seu carro, um Toyota Corolla, um pouco à frente da biqueira, localizada na Rua das Magnólias, e logo foi abordado pelo traficante responsável pelo ponto. Esse criminoso seria Caick Santos Riachão da Silva.

Após conversar de 5 a 10 minutos com o PM, Caick teria voltado sozinho para a biqueira. Em seguida, o soldado foi abordado por outro suposto frequentador do local, identificado como Danilo Jefferson Corrales Lins Andrade, o Caga, que o convenceu a descer e ir até o ponto de venda de drogas.

Ao chegar à biqueira, Luca e Caga teriam sido questionados pelo traficante, que àquela altura já sabia que se tratava de um PM. “E ai, qual é, Cara, tá trazendo polícia?”, teria dito Caick, segundo depôs. Foi quando o soldado levantou a camisa para mostrar que estava desarmado.

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Soldado da PM Luca Angerami

Carro de soldado desaparecido
Luca Angerami
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Câmera de segurança mostra soldado da PM desaparecido

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Soldado da PM Luca Angerami

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Carro de soldado desaparecido

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Luca Angerami

Reprodução/Redes Sociais

Outros criminosos teriam sido avisados da presença do policial e chegaram ao local. Entre eles, estavam João Victor de Souza Miranda Santos, o BH, João Marcus Galdino da Silva, o Trolho, e Rafael da Silva Santos, o Cebola, apontados como “disciplinas” do PCC na Vila Santo Antônio.

Diferentes depoimentos também citam a presença de Fábio Barbosa da Silva Júnior, o Fabinho, e Renato Borges de França, o Coroinha, no local.

Enquanto Luca era interrogado pelos traficantes, o “olheiro” da biqueira teria ido até o carro do PM, encontrado a arma de fogo dele e a levado para os criminosos. De acordo com os depoimentos, a pistola foi entregue na mão de BH.

“O irmão BH devolveu a arma para o policial, sem as munições, falando para ele ‘vazar’”, declarou Malvadão. Luca, no entanto, teria se negado a deixar o local sem levar “o pente e as balas” que os traficantes haviam tomado. “[O PM] começou a ameaçar que senão ia ter que voltar para pegar a munição (…) Aí, BH disse: ‘Vai ser assim então?.”

Essa versão da ocorrência é corroborada por Caick, Fabinho e o próprio BH, que admite ser integrante do PCC. Na investigação, o disciplina da facção criminosa relatou que “falou para o policial ir embora ‘porque ia molhar a quebrada’” – ou seja, atrair ainda mais policiais.

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