Base reclama que governo beneficia partidos menos fiéis na Câmara

PSB e PDT estão entre as legendas mais fiéis ao governo nos dois primeiros anos de mandato; respectivamente, 83% e 81% de seus deputados seguiram as orientações do governo em votações. Os partidos ficam atrás apenas do PCdoB, com 88% apoiando o Planalto. De outro lado, 63% dos deputados do União Brasil votaram com o governo, o menor índice entre partidos com participação na Esplanada dos Ministérios, segundo um levantamento realizado pelo blog.

A bancada do PDT usou esse argumento para pedir ao governo mais participação na quarta-feira (12), em um jantar com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Os deputados estão insatisfeitos com o tratamento dado à sigla e com o comando apenas do Ministério da Previdência Social, que, na visão deles, não rende visibilidade ao partido, nem capital eleitoral.

O cenário também tem deixado deputados do PSD insatisfeitos. Cerca de 70% da bancada manteve o apoio ao governo nos dois primeiros anos. Apesar do comando de três ministérios, dois deles considerados estratégicos por integrantes da legenda, há um descontentamento com o que foi reservado ao deputado André de Paula (PSD-PE), que é atualmente ministro da Pesca.

A área “não tem capilaridade política” nem permite a realização de obras significativas nas bases eleitorais, argumenta um integrante da bancada. Ao contrário do Ministério dos Transportes, que está sob o comando do MDB, e o do Turismo, com o União.

Relembre quais ministérios são comandados por cada partido hoje:

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Ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, é do PSD

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD)
O ministro das Cidades Jader Filho (MDB)
Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento
Renan Filho (MDB) é ministro dos Transportes
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O ministro da Pesca, André de Paula (PSD)

Agência Brasil

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Ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, é do PSD

Divulgação/MAPA

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Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD)

Igo Estrela/Metrópoles

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O ministro das Cidades Jader Filho (MDB)

Ministério das Cidades

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Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento

Divulgação

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Renan Filho (MDB) é ministro dos Transportes

Vinícius Schmidt/Metrópoles

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À esquerda, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Márcio França (PSB) ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte do Brasil

Rodrigo Francisco/Divulgação

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Celso Sabino (União) é ministro do Turismo

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

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Juscelino Filho é ministro das Comunicações e do União Brasil

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Silvio Costa Filho (Republicanos) comanda o Ministério de Portos e Aeroportos

Divulgação

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Carlos Lupi, presidente do PDT, é ministro da Previdência Social

Reprodução

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Ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara (PSOL)

Hugo Barreto/Metrópoles
@hugobarretophoto

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Marina Silva (Rede), ministra do Meio Ambiente

Leonardo Hladczuk/Metrópoles @hldczk

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Ministro dos Esportes André Fufuca (PP)

Breno Esaki/Metrópoles

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Ministério da Ciência e Tecnologia é comandado por Luciana Santos (PCdoB)

Hugo Barreto/Metrópoles
@hugobarretophoto

Deputados do PSD acreditam que o governo criou um desequilíbrio no relacionamento com os partidos. Ao Republicanos, por exemplo, além do comando do ministério de Portos e Aeroportos, o governo deu força à candidatura de Hugo Motta (PB) para a presidência da Câmara.

Em média, 73% da bancada de Motta votou com o governo nos dois anos de mandato. O apoio cresceu de 68% em 2023 para 78% em 2024. O líder do Republicanos, Gilberto Abramo (MG), reitera a posição de independência do partido em relação ao governo. Ele afirma que a bancada vota com o governo nas propostas que o grupo julga necessárias para o país e benéficas para a população.

O deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), novo líder do União, acredita que o menor alinhamento com o governo se deve ao fato de que algumas pautas são muito caras a colegas com perfil mais conservador. O mais importante agora é “olhar para a frente e não pelo retrovisor”, ele argumenta. Seu principal compromisso na liderança é unificar a posição da bancada para as pautas importantes avançarem ao mesmo tempo em que cobra do governo que honre eventuais compromissos assumidos com a legenda.

Apesar do menor grau de adesão, o União foi o partido que deu o maior número de votos ao governo, depois do PT, uma média de 37 por projeto. A sigla é hoje a terceira maior da Câmara, com 59 deputados. O PSD e o Republicanos, com 44 deputados cada, dão ao governo uma média de 30 e 31 votos, respectivamente.

Metodologia

O levantamento foi realizado com base em 71 votações nominais em plenário (em que o parlamentar declara voto).

Foram considerados projetos de lei, projetos de lei complementar, propostas de emenda à constituição, projetos de decreto legislativo e medidas provisórias votados entre março de 2023 e dezembro de 2024. Não foram contabilizadas votações de requerimentos, destaques e alterações ao regimento da Câmara.

O nível de fidelidade consiste no percentual de deputados que seguiu a orientação do governo (sim ou não). Ausências e abstenções pesaram negativamente. O número total de parlamentares utilizado no cálculo variou conforme a composição da bancada no dia de cada uma das votações.

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