Amores líquidos ou sólidos, São Valentim é para todos

No dia 14 de fevereiro, milhões de pessoas no mundo celebram o Dia de São Valentim, o mártir que perdeu a cabeça em nome do amor — literalmente. São Valentim foi decapitado no dia 14 de fevereiro, no século 3, por realizar casamentos clandestinos, desafiando uma proibição romana. Séculos depois, a data transformou-se em uma celebração mundial, um convite para declarar afeto, trocar presentes e compartilhar momentos especiais.

Em tempos de relacionamentos digitalizados — que começam com um match, vivem de emojis e terminam em três toques na tela — manifestar carinho pode ser um desafio moderno. Os gestos mudaram, é verdade, mas o essencial permanece: celebrar o amor, seja ele sólido ou fluido, duradouro ou instantâneo.

Dos rituais pagãos ao martírio cristão

A origem do Dia de São Valentim remonta à Lupercalia, um festival romano realizado no mês de fevereiro para celebrar a fertilidade. Homens sacrificavam animais e, com tiras de couro, abençoavam as mulheres para garantir sorte no amor e fertilidade. O ritual era uma mistura de superstição e espetáculo, mas acabou sendo suprimido pela Igreja Católica no século V.

Para substituir a festividade pagã, o papa Gelásio I declarou o 14 de fevereiro como o Dia de São Valentim, homenageando um mártir cristão executado séculos antes. O santo, segundo a tradição, teria desafiado o imperador Cláudio II, celebrando casamentos secretos entre jovens soldados, contrariando uma proibição imperial.

São Valentim e o amor romântico

Curiosamente, o Dia de São Valentim só começou a ser associado ao amor romântico quase mil anos depois. O responsável por isso foi o poeta inglês Geoffrey Chaucer, que, no poema Parlement of Foules, descreveu o dia como a data em que as aves escolhem seus pares. Inspirados por Chaucer, poetas e dramaturgos, como Shakespeare, ajudaram a criar a imagem romântica que conhecemos hoje.

O primeiro cartão de São Valentim registrado foi enviado em 1415 pelo Duque de Orleães à sua esposa, enquanto estava preso na Torre de Londres. A partir do século XIX, com a produção em massa de cartões e a popularização das mensagens de amor, o 14 de fevereiro tornou-se o dia universal dos apaixonados.

São Valentim. Fonte: https://www.ctsbooks.org/real-story-saint-valentine/

Hoje, entre chocolates de luxo e frases prontas de aplicativos de paquera, muitos ainda buscam uma conexão mais verdadeira — mesmo que o amor tenha se tornado fluido, quase um reflexo dos nossos tempos. No Dia de São Valentim, talvez o mais valioso seja fazer uma pausa, desconectar-se por um momento e lembrar que nada supera o velho e bom olhar nos olhos.

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