O Brasil não tem jeito (por Ricardo Guedes)

O Brasil não tem jeito. De 2010 até 2023, enquanto o PIB do mundo cresceu de US$ 67 trilhões para US$ 106 trilhões; os EUA de US$ 15 trilhões para US$ 28 trilhões; a União Europeia de US$ 15 trilhões para US$ 19 trilhões; a China de US$ 6 trilhões para US$ 18 trilhões; o Brasil patina em contínuos US$ 2 trilhões em dólares correntes, com algumas variações, sem gerar qualquer crescimento há mais de uma década, mesmo que seja para suprir o aumento populacional. E neste último ano de 2024, com a desvalorização cambial de 22%, o PIB deve ficar de US$ 1,7 trilhão a US$ 1,8 trilhão, em números desesperançosos.

Dentre os países, o Brasil, do 9º PIB no ranking mundial de 2023, deve cair para a 11ª ou 12ª posição em 2024, possivelmente.

Na renda, no índice de GINI, que mede a distribuição de renda nos países, estamos na 52ª posição.

Na educação, no PISA, que mede o desempenho dos alunos no Ensino Médio para 56 países no mundo, ficamos na 44ª posição, atras de países como o Peru e a Colômbia.

Na saúde, no ranking da OMS – Organização Mundial da Saúde, estamos na 125ª posição dentre 190 países.

Na segurança, para a média mundial de 6 homicídios ano por 100 mil habitantes, estamos com 27, Venezuela 36, México 29, Colômbia 26, Paraguai 7, Bolívia 6, Argentina 5, Estados Unidos 5, Canadá 2, Europa Ocidental 1, China 0,5, Japão 0,3.

A nossa indústria, protegida por tarifas, sem competitividade internacional, vai-se em franco processo de desindustrialização.

Na estrutura que nos governa, o Parlamento se apodera das verbas, o Judiciário passa a exercer o poder regulador, e o Executivo em pouco governa, na trilogia das invirtudes.

Mas temos nossas ilhas de sucesso: a Faria Lima, o Agrobusiness, que segura o país, a Embraer, a Mineração, a USP, o ITA, o IME, a UNICAMP, a Fundação Dom Cabral FDC, as Universidades Federais, dentre outras. Na cultura, a música, o carnaval. Nos esportes, o vôlei, a ginástica, o judô, o surf, dentre outros, e o outrora futebol, corroído nas entranhas dos interesses, mas sempre em nossa esperança que retorne. Saudemos à Fernanda Torres e a Walter Salles, que nos brindam, no cenário internacional, daquilo que gostaríamos de ser. É um país artístico-musical. E que “Altas horas, volte já”! Sempre.

Mas, fora nossas ilhas de sucesso, e em cultura, e em esportes, o Brasil, como projeto econômico e social de nação, patina.

É… tá difícil!

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

Adicionar aos favoritos o Link permanente.