Mercado revê Selic: desaceleração pode mudar apostas

Mercado revê Selic: desaceleração pode mudar apostas

Um relatório do Santander, assinado por Ana Paula, trouxe projeções otimistas para a Selic, considerando que a desaceleração da economia pode impactar o rumo da política monetária. Em entrevista à BM&C News, Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, comentou as perspectivas do mercado e as dificuldades em prever os próximos movimentos do Banco Central.

“A distância entre Faria Lima e Brasília já foi maior, mas ainda existe. O ambiente político é volátil e torna difícil antecipar decisões econômicas”, afirmou Cunha.

O estrategista destacou que a combinação entre desaceleração econômica e ano eleitoral pode gerar desafios para a política monetária. Segundo ele, “quando a economia perde ímpeto e o mercado de trabalho começa a dar sinais de enfraquecimento, as decisões políticas tendem a seguir um padrão conhecido de estímulos para manter a competitividade eleitoral”.

Essa dinâmica pode gerar impacto direto nas expectativas do mercado para a Selic. Cunha ressalta que o grande desafio será medir a magnitude dessa desaceleração e entender se ela será suficiente para alterar o rumo dos juros no curto prazo.

Dados econômicos mostram atividade mais fraca que o esperado

Os últimos indicadores econômicos reforçam o cenário de desaceleração. Dados de varejo, serviços e indústria vieram abaixo das projeções, o que levanta questionamentos sobre a força da economia nos próximos meses.

“Vimos uma sequência de dados mais fracos do que o consenso esperava. Se esse movimento continuar, pode haver uma reavaliação do mercado sobre a necessidade de uma Selic mais alta”, afirmou Cunha. Segundo ele, a reação do Banco Central dependerá do comportamento da inflação e da trajetória fiscal do governo.

Se a desaceleração continuar, a leitura do mercado pode mudar. Cunha explicou que, com uma economia mais fraca, a Selic pode não precisar subir tanto quanto alguns analistas projetavam.

“Até o ano passado, havia preocupação de que a Selic não estivesse fazendo efeito e que os juros precisariam ir a 17% ou até 20%. Agora, com os dados recentes, o mercado começa a ponderar se algo entre 14% e 15% já seria suficiente”, afirmou.

Outro fator que pode influenciar essa visão é o cenário externo. “Ainda há incertezas sobre políticas econômicas nos Estados Unidos e na Europa, além das eleições americanas. Esses elementos podem ter peso sobre o Brasil e sobre o comportamento da Selic”, completou o estrategista.

Ativos brasileiros se destacam no cenário global

Em suma, apesar das incertezas, Cunha aponta que o Brasil tem se destacado no mercado global. Portanto, o comportamento dos ativos brasileiros tem sido positivo, com investidores atentos ao cenário macroeconômico e fiscal do país.

“O pano de fundo internacional não está tão adverso quanto poderia estar. Se o ambiente externo continuar sem grandes choques, isso pode contribuir para um cenário mais favorável aqui”, afirmou.

Dessa forma, para ele, o momento exige atenção redobrada. “A desaceleração econômica pode ser um fator positivo para o equilíbrio da política monetária, mas é preciso acompanhar os dados com cautela para entender se essa tendência se mantém”, concluiu.

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