Cid: pressionado, grupo de Bolsonaro não encontrou fraude nas urnas

O conteúdo da delação premiada do ex-ajudante de ordens da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (BL), tenente-coronel Mauro Cid, revela que o grupo encarregado de encontrar supostas fraudes nas urnas eletrônicas e subsidiar, à época, a reação do governo após a derrota nas eleições de 2022, sabia que não havia nada de errado com os equipamentos.

Cid relatou à Polícia Federal (PF), em depoimento prestado em agosto de 2023, que o grupo era o que “o ex-presidente mais pressionava”. Segundo ele, Bolsonaro queria “uma atuação mais contundente do general Paulo Sérgio”, então ministro da Defesa, “em relação à Comissão de Transparência das eleições” e que “o documento produzido fosse ‘duro’”.

O tenente-coronel disse à PF que o grupo que atuava na questão era composto pelo general Eduardo Pazuello, pelo presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, e pelo major da reserva do Exército, Angelo Martins Denicoli, além de um grupo de pessoas que prestavam assessoramento técnico.

“Nessa época, após o segundo turno, [Bolsonaro] recebia muitas informações de fraudes; que o presidente repassava as possíveis denúncias para os generais Pazuello e Paulo Sérgio para que fossem apuradas; que o grupo tentava encontrar algum elemento concreto de fraude, mas a maioria era explicada por questões estatísticas; (…) que o grupo não identificou nenhuma fraude nas urnas”, afirmou Cid em depoimento.

Apesar disso, Bolsonaro, conforme o depoimento de Mauro Cid, seguiu com o plano de reverter a derrota nas eleições, chegando a cogitar a assinatura de decreto que previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a realização de novas eleições.

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