“Hierarquia”: Cid diz que blindou Braga Netto em primeiras declarações

Em depoimento no âmbito do acordo de delação premiada com a Polícia Federal, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jairo Bolsonaro, Mauro Barbosa Cid, revelou que “blindou” o ex-ministro Braga Netto em suas primeiras declarações por questões de hierarquia.

Em um dos depoimentos da delação, o delegado da Polícia Federal Fábio Shor pergunta a Mauro Cid por que ele não tinha citado a “participação efetiva” de Braga Netto nos planos, “especialmente no financiamento dos militares”. Mauro Cid diz que não tinha “receio” de Braga Netto, mas sim, um respeito pela hierarquia.

“Não por causa disso [receio] efetivamente, mas pelo respeito que a gente tem com uma autoridade, um general Quatro Estrelas, que às vezes é muito caro, dosa muitas palavras para evitar estar acusando ou falando de uma autoridade, ainda mais um general Quatro Estrelas. […] Mais pelo íntimo interno, do ethos militar”, responde Cid.


Quebra de sigilo

  • O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou, nesta quarta-feira (19/2), o sigilo do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
  • A quebra de sigilo vem um dia após o ex-presidente e outras 33 pessoas serem denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
  • Entre as provas usadas para fundamentar a denúncia, está justamente a delação premiada do tenente-coronel.

Braga Netto é general do Exército – a patente mais alta da Força Armada, bem superior à de Mauro Cid. Ele é ex-ministro da Defesa do governo de Bolsonaro e foi candidato à vice-presidência na chapa de reeleição do ex-presidente. Foi na casa do general, inclusive, que militares se reuniram em 2022 para tramar etapas seguintes do plano, segundo a investigação da PF.

 

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