Aumento de 79% dos casos de câncer em jovens intriga especialistas

Câncer. Créditos: depositphotos.com / serezniy.

Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo nos diagnósticos de câncer entre adultos jovens, uma tendência que tem despertado a atenção da comunidade médica global. Tradicionalmente, o câncer é mais comum em pessoas mais velhas, mas um número crescente de casos em indivíduos com menos de 50 anos sugere que algo está mudando. Essa mudança levanta questões sobre os fatores que podem estar contribuindo para essa tendência e o que pode ser feito para mitigá-la.

Um estudo recente publicado no “BMJ Oncology” revelou que a incidência de câncer de início precoce aumentou em 79% entre 1990 e 2019. Esse aumento foi observado em 29 tipos de câncer em 204 países, destacando a necessidade urgente de entender as causas subjacentes e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.

Quais são os fatores que contribuem para o aumento do câncer em jovens?

Os pesquisadores estão investigando uma variedade de fatores que podem estar contribuindo para o aumento dos casos de câncer em adultos jovens. Entre os suspeitos estão hábitos alimentares, como dietas ricas em carne vermelha e sódio, e pobres em frutas e leite. Além disso, o consumo de álcool e o uso de tabaco continuam a ser fatores de risco significativos. A obesidade, que está ligada à inflamação e desregulação hormonal, também é apontada como um dos principais culpados.

Além desses fatores, outros elementos estão sendo considerados. A exposição constante à luz artificial, por exemplo, pode atrapalhar o relógio biológico, aumentando os riscos de cânceres como o de mama e cólon. O trabalho em turnos, que envolve exposição prolongada à luz à noite, também pode reduzir os níveis de melatonina, um hormônio que ajuda a regular o sono e pode ter propriedades anticancerígenas.

De acordo com um importante relatório sobre cânceres de início precoce, o câncer de mama teve o maior aumento no número de casos — Foto: Getty Images/Via BBC
De acordo com um importante relatório sobre cânceres de início precoce, o câncer de mama teve o maior aumento no número de casos — Foto: Getty Images/Via BBC

Como os microplásticos e aditivos alimentares podem influenciar o risco de câncer?

Recentemente, a atenção dos pesquisadores se voltou para o papel dos microplásticos e aditivos alimentares ultraprocessados no desenvolvimento do câncer. Os microplásticos, presentes em muitos produtos do dia a dia, podem danificar a camada protetora do intestino, aumentando o risco de câncer colorretal. Da mesma forma, aditivos como emulsificantes e corantes podem causar inflamação intestinal e danos ao DNA, contribuindo para o desenvolvimento de cânceres não apenas no intestino, mas também em outras partes do corpo.

Além disso, o uso crescente de antibióticos, especialmente entre crianças, pode perturbar o microbioma intestinal, um fator que alguns cientistas acreditam estar relacionado a vários tipos de câncer, incluindo câncer de pulmão e linfomas.

O que pode ser feito para lidar com essa tendência crescente?

O aumento dos casos de câncer em adultos jovens representa um desafio significativo para a saúde pública. Organizações como a Union for International Cancer Control (UICC) estão pedindo aos médicos que fiquem atentos aos sintomas de câncer em pacientes mais jovens, que muitas vezes são ignorados ou subestimados. A detecção precoce é crucial, pois permite que os tratamentos sejam iniciados mais cedo, aumentando as chances de recuperação.

Além disso, é importante que as pessoas adotem estilos de vida saudáveis, que incluam uma dieta equilibrada, prática regular de exercícios e redução do consumo de álcool e tabaco. A conscientização sobre os riscos associados à exposição à luz artificial e ao uso de dispositivos eletrônicos também pode ajudar a mitigar alguns dos fatores de risco emergentes.

Conclusão

O aumento dos casos de câncer em adultos jovens é uma questão complexa que requer uma abordagem multifacetada. Enquanto a pesquisa continua a desvendar as causas subjacentes, é essencial que tanto os profissionais de saúde quanto o público em geral estejam cientes dos riscos e tomem medidas proativas para reduzir a incidência da doença. A colaboração entre cientistas, médicos e a sociedade é fundamental para enfrentar esse desafio crescente e proteger as gerações futuras.

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