Álvaro endurece o tom contra o Palácio; governistas e opositores reagem

Foto: Jarbas Araújo

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), que estava licenciado do cargo, retornou nesta segunda (24) aos trabalhos legislativos na Casa e falou sobre as polêmicas em torno das eleições nas três principais comissões, que foram alvo de crítica e ação judicial. Álvaro classificou a situação como “perigosas tentativas de interferência” no funcionamento da Alepe.

“Ocupamos hoje esta tribuna para voltar a afirmar que intromissão de ordem alguma será admitida nesta Casa. Seja procedente de outro poder ou mesmo de qualquer instituição que pretenda dar as cartas nos assuntos inerentes ao Legislativo”, disse Álvaro no início de sua fala.

O presidente criticou a carta assinada inicialmente por 26 deputados, contra o então presidente em exercício, Rodrigo Farias (PSB), além de outras articulações que, segundo ele, foram “tramadas” na Casa Civil, com a participação de integrantes da pasta e da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania).

“Investidas estas que foram desrespeitosas, inconvenientes e que só contribuíram, infelizmente, para a indesejada fragilização das relações entre os poderes. Inclusive, é importante frisar, que assessores do Palácio vieram aqui na Assembleia até mesmo para protocolar mudanças em bloco partidário. Quer dizer, o Executivo quer assumir o papel dos deputados e das lideranças. Mas esta casa, caros colegas, não aceita e não aceitará este tipo de intromissão”, reforçou o presidente em outro trecho do discurso.

O texto bastante duro contra o Palácio, ainda segue com outras citações, dizendo que o Executivo insiste em “afrontar” o Legislativo e tentar jogar deputados uns contra os outros. Álvaro Porto reforçou que a Alepe continuará contribuindo e aprovando os projetos que forem bons para a população, mas garantindo que permanecerá independente.

“Com este pronunciamento, damos este assunto por encerrado. Esta é uma página virada. A partir de agora, vamos cuidar do ano legislativo com a mesma responsabilidade do biênio anterior, apreciando, nos prazos regimentais e com a seriedade que se impõe a cada processo, todos os projetos que sejam enviados pelo Executivo, a exemplo do que fizemos durante todo esse tempo”, concluiu.

Repercussão entre deputados
Logo após a fala de Álvaro Porto, deputados se mobilizaram para também comentar sobre o tema, principalmente os governistas. O primeiro foi João Paulo (PT), que levantou a pauta da violência política contra mulher, afirmando que vivemos numa sociedade machista que ainda não aprendeu a conviver com uma mulher ocupando espaços de poder.

O discurso dele foi seguido também por Antônio Moraes (PP), indicado para vice-liderança do governo. O parlamentar, que no primeiro biênio foi presidente da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça, disse que outros entes políticos também interferiram na eleição dos colegiados.

“Aqui teve interferência do prefeito do Recife, teve interferência de Bolsonaro, porque nós [bancada do governo] tínhamos, naquela ocasião, maioria no PL. Teve interferência de outras figuras que nós sabemos que se meteram e é natural no processo político. Não venho aqui com pureza de dizer que não houve interferência externa. Houve sim e foi uma coisa que nos 28 anos em que eu estou nessa Casa, eu nunca presenciei”, disse Moraes, criticando também a denúncia feita por Dani Portela (PSOL), em relação aos ônibus escolares – segundo ele, não procede. “Eu lamento profundamente é que essa denúncia tenha sido feita por uma mulher”, finalizou.

Do outro lado, Gleide Angelo (PSB) rechaçou o uso da pauta de violência política contra mulher nessa situação. Enquanto Sileno Guedes, Waldemar Borges, ambos do PSB, corroboraram com o texto de Álvaro. O novo presidente da Comissão de Administração Pública disse ainda que o “discurso sexista” enfraquece o debate que vem sendo feito.

Já a líder do governo, deputada Socorro Pimentel (UB), fez uma fala mais amena, também citando a questão de gênero, mas negando que a governadora tenha tentado interferir em algo. Num tom conciliador, ela disse esperar contar com a contribuição da oposição na aprovação de projetos importantes.

“Do mesmo modo que a governadora não teve interferência no primeiro mandato de vossa excelência, não teve interferência para a sua recondução aqui na presidência, ela não interferiu, de fato, aqui nessa Casa. Até porque nós parlamentares temos essa autonomia. Em muitos momentos a gente contou com a oposição, com deputados da oposição para aprovar projetos importantes para Pernambuco. A gente espera, acredita e tem confiança no bom senso e na responsabilidade de todos os deputados e deputadas nessa Casa”, sinalizou Socorro.

Até o fechamento desta matéria, o debate ainda continuava. Demais parlamentares como o líder da oposição, Diogo Moraes (PSB), Cayo Albino (PSB), Júnior Matuto (PSB), e Wanderson Florêncio (SD), também falaram.

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