Vídeo: “Aqui é 1533”, dizem membros do Bonde do Maluco, aliado do PCC

São Paulo – Um vídeo divulgado pela Polícia Civil de São Paulo (assista abaixo) mostra integrantes da facção criminosa baiana Bonde do Maluco (BDM) ameaçando rivais de morte, verbalmente, enquanto ostentam armas e drogas. Dois importantes líderes da quadrilha nordestina foram presos, nessa segunda-feira (24/2), na Grande São Paulo.

No registro, feito com celular por integrantes do bando da Bahia, não identificados, um deles chega a afirmar “aqui é 1533”, uma referência à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), referendando a união de forças entre os grupos marginais.

“Ó, vou mandar um recado ‘pros’ que correu, que não tem disposição de trocar tiro com ‘nóis’, tá ligado. Nós vai atrás de você, ‘nóis’ vai acampar, ‘fazê’ o que for preciso, mas ‘nóis’ vai buscar a cabeça de vocês. Você viu o [ininteligível], metendo o louco? Tá no inferno. Aqui é o 1533 [PCC], respeita ‘nóis’ desgraça”.

A facção baiana é um braço armado e logístico do PCC no estado nordestino, resultante de uma parceria entre as organizações criminosas, as quais atuam juntas para escoar cocaína pelos portos, lucrando bilhões por ano com isso.

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Integrantes do Bando do Maluco ameaçam rivais

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Como mostrado pelo Metrópoles, Paulo da Silva Pereira, o Paulo Doquinha, e Vanginaldo Ribeiro Nunes Filho foram presos em Jandira, na Grande São Paulo, após ficarem, durante três meses, acolhidos pelo PCC. No esconderijo, a polícia ainda encontrou drogas, ocultas em uma caixa de som.

Ambos eram os principais alvos da polícia e do Judiciário baianos, dos quais fugiam há cerca de quatro anos.

Cerco e prisão

Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) organizaram um cerco, no início da manhã, na cidade da região metropolitana, em um imóvel no qual a dupla criminosa baiana estava. A Polícia Civil de São Paulo atuou com a ajuda das autoridades nordestinas, que contribuíram para identificar os chefões, além de constatar a acolhida dada a eles pelo PCC.

Investigações indicam que ambos fugiram da Bahia justamente para evitar as prisões. De São Paulo, ainda de acordo com a polícia, os dois criminosos seguiam liderando as ações do BDM em terras baianas.

“Eles são responsáveis por deflagrar uma guerra pelo controle do crime naquele estado do Nordeste, que resultou em inúmeras mortes”, diz trecho de nota do Deic.

Paulo Doquinha e Vangivaldo Ribeiro eram procurados por homicídio, roubo e tráfico de drogas.

Além das prisões, em cumprimento a mandados expedidos pela Justiça baiana, ambos também foram detidos em flagrante por tráfico de drogas. A defesa deles não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.

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Braço do PCC na Bahia

O BDM teria sido criado no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em 2015, na capital baiana, como ramificação da facção Caveira.

“O PCC atua na Bahia […] como aliado do Bonde do Maluco, que é uma facção bem estruturada aqui”, afirmou uma fonte da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, em condição de anonimato, em entrevista ao Metrópoles, no ano passado.

“O estado da Bahia é estratégico para o crime, com rotas estratégicas para todo o Nordeste. São pelo menos seis portos, entre públicos e privados, que naturalmente ficam na mira das facções”, acrescentou.

Relatório do Ministério da Justiça e da Segurança Pública indica que o BDM é a principal facção a atuar em território baiano, onde há 14 grupos criminosos organizados, identificados somente no sistema carcerário.

A aproximação entre o BDM e o PCC se evidenciou a partir de 2016, quando o número de apreensões de cocaína aumentou, em quatro anos, de pouco mais de 800 quilos para ao menos oito toneladas — segundo estimativa da Polícia Federal (PF).

 

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