Hamas mostra reféns em vídeo para pressionar por cessar-fogo; assista

O grupo palestino Hamas publicou um vídeo neste sábado (1º/3) que mostra diversos reféns israelenses na Faixa de Gaza. O vídeo foi divulgado na mesma data em que expira a primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que está em vigor desde 19 de janeiro.

Assista:

Os dois lados discordam sobre quais deveriam ser os próximos passos da trégua. O governo de Benjamin Netanyahu quer estender essa primeira fase, com a soltura de mais reféns. Já o Hamas pressiona pela segunda fase, que pavimentaria o caminho para o fim definitivo da guerra.

Dos 62 reféns ainda em Gaza, acredita-se que 35 estejam mortos.

Pelos termos do acordo, o conflito está suspenso enquanto os dois lados mantiverem negociações sobre a segunda fase.

Horas mais tarde, o gabinete de Netanyahu anunciou que o premiê apoia uma proposta feita pelos Estados Unidos para estender o cessar-fogo por todo o período do Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, e as comemorações judaicas do Pessach, que terminam em 19 de abril.

Pela proposta anunciada por Israel, metade dos reféns – vivos e mortos – seriam libertados já neste domingo. Os demais seriam devolvidos no final desse período, caso se chegue a um acordo de cessar-fogo permanente.

A proposta ainda precisa ser aceita pelo Hamas, segundo Israel.

O que o novo vídeo dos reféns do Hamas mostra?

As novas imagens divulgadas pelo Hamas neste sábado mostram os irmãos israelenses Iair e Eitan Horn abraçados. Rostos de outras pessoas no entorno – possivelmente também reféns – foram borrados.

Iair Horn foi libertado em 15 de fevereiro em troca de prisioneiros palestinos. Por isso, acredita-se que o vídeo – cuja autenticidade não pôde ser verificada – tenha sido gravado antes disso.

“Estou muito feliz que meu irmão vai ser libertado amanhã, mas isso não é lógico de jeito nenhum, separar famílias”, diz Eitan no vídeo. “Assinem a segunda e terceira fase [do acordo de cessar-fogo]. Chega de guerra.”

O vídeo foi publicado no Telegram, acompanhado da mensagem: “Apenas um acordo de cessar-fogo os trará vivos de volta.”

O governo israelense reagiu dizendo que “não se deixará deter pela propaganda do Hamas”, e que continuará a “agir incansavelmente para trazer de volta” todos os reféns e “atingir todos os objetivos de guerra de Israel”.

Impasse

Israel quer estender a primeira fase do cessar-fogo. Já o Hamas quer passar à segunda fase e dar um fim definitivo ao conflito.

Na primeira fase do acordo, 33 reféns israelenses foram devolvidos pelo Hamas. Em troca, Israel libertou cerca de 2 mil prisioneiros palestinos.

Porta-voz do grupo palestino, Hazem Qassem disse no sábado que o grupo rejeitou a demanda israelense, e apelou a mediadores para que “obriguem a ocupação [Israel] a cumprir o acordo em seus vários estágios”.

Em um outro comunicado, o Hamas disse que estava pronto para “completar os estágios restantes do acordo de cessar-fogo, levando a um cessar-fogo abrangente e permanente, total retirada das forças de ocupação da Faixa de Gaza, reconstrução e fim do cerco”.

Representantes de Israel estiveram em Cairo nesta semana para discutir a trégua com mediadores do Egito, Catar e Estados Unidos. Na semana anterior, representantes do Hamas fizeram o mesmo.

O cessar-fogo atual veio após 15 meses de bombardeios israelenses e a destruição de mais de 60% das construções na Faixa de Gaza. O conflito foi desencadeado por um ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou mais de 1,2 mil pessoas e resultou no sequestro de outras cerca de 250. Desde então, os confrontos deixaram mais de 48 mil mortos no lado palestino.

Hamas diz que negociações estão emperradas

Na sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse que o momento é “frágil” e pediu que se evite a “retomada de hostilidades que aprofundariam o sofrimento e desestabilizariam mais ainda uma região que já se equilibra na ponta de uma faca”.

A ONU afirma que a trégua permitiu a prestação de ajuda humanitária à população em uma Faixa de Gaza arruinada e faminta por causa da guerra.

Duas fontes do governo Netanyahu disseram que há uma conversa agendada depois da viagem a Cairo entre o premiê e chefes de segurança e ministros.

Uma fonte do Hamas ouvida pela agência de notícias Associated Press disse que até então não houve “nenhum progresso”, e que “não fazia ideia” de quando as negociações seriam retomadas.

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