“Se a inconsequência de muitos motociclistas continuar testemunharemos diariamente mais e mais acidentes”

“Inconsequência + inoperância = mortes”

Impressiona a quantidade de acidentes envolvendo motociclistas em Blumenau e região. Em pouco mais de um mês, mesmo não tendo sido anotadas todas as notícias aqui n’O Município, foram mais de 16 acidentes, resultando em seis feridos e quatorze mortos, a esmagadora maioria jovens, com idades que variaram de 17 a 29 anos.

Observando o comportamento diário dos motociclistas em nossas cidades e rodovias, fica evidente a falta de responsabilidade e inconsequência não de alguns, mas, assustadoramente, da maioria deles. Respeito à velocidade máxima permitida na via pública? Só diante de redutores eletrônicos de velocidade. Longe deles, predomina o voo baixo, sem asas. Faixa contínua, dupla ou não, indicando impedimento de ultrapassagem? Não passa de mero enfeite no meio da rua, sobre a qual se ziguezaguea e se costura à vontade.

Aguardar sua vez na fila para avançar? Que fila? Onde? Parece ser a pergunta na cabeça dessa mesma maioria. Ultrapassar somente pela esquerda? Que esquerda? Boa parte não sabe do que se trata. Curvas em alta velocidade com a moto quase deitada? Cena comum de se ver por aí e, também, causadora de mortes. Basta um pouco de areia caída no asfalto e o tombo é certo, muitas vezes levando moto e motoqueiro a deslizar para debaixo de um ônibus ou caminhão.

Ultrapassagem no estreitíssimo corredor móvel formado por dois caminhões trafegando em sentido diferente cada um e em plena curva? Outra cena aterradoramente comum. Trafegar com mais cuidado quando levam passageiros na garupa? Cuidado? Que cuidado? Se não me importo de me espatifar contra um caminhão, carro, poste ou muro, por que vou me importar com quem está comigo? – devem pensar muitos; melhor, não pensam, pois, se pensassem, não cometeriam tamanhos desatinos suicidas.

Escape aberto infernizando transeuntes, moradores, crianças, idosos, doentes, estudantes e nas horas mais impróprias, com todos tentando descansar para enfrentar o dia seguinte, está perto de se tornar uma regra, não exceção. E o que esperar das acelerações e freadas bruscas, resultando em mais combustível queimado e, portanto, mais carbono de efeito estufa lançado na atmosfera, causando as terríveis mudanças climáticas? Ora, se muitos condutores de motos sequer têm consciência do risco que correm suas próprias vidas, como esperar que tenham consciência ambiental? Impossível.

Esta é a terceira vez que escrevo sobre este tema nos últimos cinco ou seis anos. Como até hoje, aparentemente, nada mudou e temos que desistir de esperar que essa maioria de motociclistas irresponsáveis e inconsequentes ponham a mão numa consciência que não têm, então questionamos: por que essa cruel inconsequência, que tantas dores e sofrimento causam aos familiares dos acidentados e que tanto custa ao Sistema Único de Saúde e ajuda a encarecer os Planos de Saúde Privados não é eficazmente coibida pelas nossas autoridades de trânsito?

Se as autoridades de trânsito estão agindo e se esforçando, esse esforço, por ora, está se revelando desastrosamente ineficaz, pois a farra continua em quase todas as nossas vias públicas, principalmente nos bairros, onde é raro de se ver a presença de nossos agentes. Claro que campanhas de educação devem vir em primeiro lugar e pode-se imaginar que os próprios cursos em auto-escolas as fazem muito bem. Quando isso não resolve e nada pesa na consciência, então que pese no bolso, e pese muito.

Blitzes de trânsito contínuas e frequentes, radares idem no máximo possível de vias públicas, câmeras fotográficas e a própria presença constante e permanente dos agentes de trânsito autuando, multando e até prendendo e apreendendo deve ser uma constante, por muito tempo, até que se crie uma cultura de verdadeira educação e disciplina para essa, ao que tudo indica, maioria dos condutores de motocicletas.

Do jeito que a coisa está não pode continuar. Se a inconsequência de muitos motociclistas continuar sendo somada à inoperância de nossas autoridades de trânsito, testemunharemos, quase que diariamente, mais e mais acidentes envolvendo motoqueiros e, em quase metade dos casos, perdas de jovens vidas, vidas de jovens pais em formação de famílias, de jovens filhos causando dor e sofrimento irreparável aos seus pais.

Não se sabe do porquê da inoperância das nossas autoridades de trânsito para com este problema, se se trata de mais um caso de excesso de leis que mais atrapalham do que ajudam, se é falta de efetivo, ou carência de equipamentos e veículos, mas o fato é que as mortes e ferimentos continuam acontecendo, na maioria das vezes devido à forma irresponsável e impune com que esses veículos são conduzidos.
E para uma situação dessas não há desculpa, há que se agir e agir de forma eficaz. Quem sabe algo mude agora que Blumenau é comandada por um delegado de polícia. Sob pena das autoridades de trânsito também poderem ser acusadas de cumplicidade de tantas mortes e sofrimentos.

Acima, os jovens estudantes secundaristas do Clube de Ciências “Professor Lothar Krieck”, da esquerda para a direita, João Carlos Corrêa, eu, Wigold Beck e Cláudio Fernando Krauss tentam fazer a kombi da Prefeitura de Blumenau dirigida pelo Sr. José pegar “no tranco”, durante uma das viagens à Praia de Armação da Piedade, no atual município de Gov. Celso Ramos.

Nessa praia lodosa procuramos reencontrar animais marinhos ali descobertos pelo naturalista Fritz Müller no século XIX. Foto acervo Lauro E. Bacca de 14 de junho de 1969.
Embaixo, Cláudio Fernando Krauss, João Carlos Corrêa (explicando para visitantes), Wigold Beck, Nélcio Lindner e eu (ainda sem barba), no nosso “stand” na Feira Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro, onde apresentamos os resultados das pesquisas, cujo relatório fora aprovado previamente pela comissão de seleção de trabalhos para participar do evento. Foto acervo Lauro E. Bacca, setembro de 1969.

Observação: além dos constantes nessas fotos, participavam do Clube de Ciências, Ademar Sestrem, Asteroide Paulo Zwicker e Mário César Brasil, dentre outros estudantes.


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Casarão da rua Floriano, em Blumenau, foi construído para receber médicos da Alemanha:

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