Derretimento de gelo desacelera corrente oceânica mais forte do mundo

Pesquisadores da universidade de Melbourne, na Austrália, e do Centro de Pesquisa Norce, na Noruega, descobriram que o derretimento das camadas de gelo na Antártida está desacelerando a corrente oceânica mais forte do mundo.

A desaceleração da Corrente Circumpolar Antártica (CCA) pode ter impactos negativos nos indicadores climáticos globais, como no aumento do nível do mar, o aquecimento dos oceanos e a viabilidade dos ecossistemas marinhos, alertam os autores do estudo publicado nesta segunda-feira (3/3), na revista Environmental Research Letters.

Tudo isso acontece porque o aumento da entrada de água doce no Oceano Antártico altera propriedades como a salinidade e afeta a circulação das massas de água.

O estudo foi baseado em uma simulação de alta resolução do oceano e do gelo marinho de correntes oceânicas, transporte de calor e outros fatores para diagnosticar o impacto das mudanças de temperatura, salinidade e condições de vento. Em um cenário de altas emissões de carbono, é esperada uma desaceleração da Corrente Circumpolar Antártica de cerca de 20% até 2050.

“O oceano é extremamente complexo e finamente equilibrado. Se esse ‘motor’ atual quebrar, pode haver consequências severas, incluindo mais variabilidade climática, com extremos maiores em certas regiões, e aquecimento global acelerado devido à redução da capacidade do oceano de agir como um sumidouro de carbono”, disse o professor Bishakhdatta Gayen em comunicado à imprensa.

Enquanto pesquisas anteriores sugeriam que a CCA poderia acelerar devido ao aumento das diferenças de temperatura entre latitudes, este estudo indica que a corrente pode realmente desacelerar.

Foto colorida de dois pinguins na neve - Metrópoles
A alimentação de pinguins pode ser afetada com a desaceleração da corrente oceânica

 Importância da Corrente Circumpolar Antártica

Bem mais forte que a Corrente do Golfo, a Corrente Circumpolar Antártica conecta vários oceanos, entre eles: o Atlântico, Pacífico e Índico. Ela ainda é importante para a circulação de calor global, dióxido de carbono e produtos químicos entre essas bacias oceânicas.

Vale destacar também que a CCA age como uma barreira natural contra espécies invasoras, como grupos de algas marinhas ou camarões e moluscos que chegam de outro continente. Por isso, a redução de sua velocidade contribui para um desequilíbrio na cadeia alimentar. Isso poderia, por exemplo, alterar a quantidade de alimentos disponíveis para os pinguins antárticos.

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