Bancada evangélica: líder quer debater temas além da pauta de costumes

Na última semana, os membros da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional elegeram o novo presidente, deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP). O parlamentar, eleito com 117 votos, disse em entrevista ao Metrópoles que quer o grupo discutindo temas para além da pauta de costumes. Ele também declarou estar aberto a dialogar com o governo Lula.

“Tem que ser uma Frente aberta para o diálogo com todos os setores. Porque não é o papel dela essa coisa de negociação com o governo. Negociação com o governo é coisa de partido. Ela é uma Frente que vai sim ter coisas propositivas. Nós queremos trazer cabeças boas [de dentro da frente] para discutir temas que alguns se aprofundaram nisso. Por exemplo, temos bons deputados que conhecem bem sobre economia, dívida interna, juros”, declarou Nascimento.

O parlamentar disse que a Frente quer continuar defendendo pautas de costumes, mas avançar em propostas que envolvam áreas como segurança pública.

“Nós precisamos trazer sugestões boas para o Brasil, e a Frente Parlamentar Evangélica também quer fazer isso, quer defender as suas pautas, mas quer ir além disso. Quer levar à sociedade propostas que logicamente vão precisar de aprovação do Congresso e aprovação do governo”, argumentou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

“Eleição inédita não dividiu bancada”

Neste ano, de forma inédita, os membros da bancada evangélica precisaram votar para decidir o presidente. Haviam três concorrendo: Otoni de Paula (MDB-RJ), Gilberto Nascimento (PSD-SP) e Greyce Elias (Avante-MG). A deputada abriu mão da candidatura na última hora para apoiar Nascimento.

A disputa foi marcada pela acusação de que Otoni era lulista por ele ter feito uma oração no Palácio do Planalto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por outro lado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o voto em Nascimento.

Questionado sobre a primeira disputa no voto pelo comando da Frente, o deputado disse que uma bancada com mais de 200 deputados e 26 senadores tem “divergências internas”, mas passada a eleição, a coesão volta para dentro do grupo.

“Claro que tem divergências internas. Quando passa a eleição, todo mundo toca a vida normal. E todo mundo entende, até porque todo mundo aqui é fruto do voto e entende muito isso”, declarou o novo presidente da frente.

Comando em conjunto com a deputada Greyce

No acordo que fez a deputada Greyce sair da disputa, o novo presidente ofereceu que ela fosse vice da chapa, e que no segundo ano da  presidência, ele se licenciaria e ela viraria presidente interina da bancada evangélica. O mandato é de dois anos. Com isso, ambos vão se alternar no comando da frente pelos próximos dois anos, com Nascimento em 2025 e Greyce em 2026.

No entanto, o deputado explicou que não vai se repetir o que foram os últimos dois anos da bancada evangélica, com uma divisão de comando e cada um fazendo sua gestão. Segundo o novo presidente, ele e Greyce vão comandar juntos a gestão mesmo quando Nascimento se licenciar.

“Nós estamos fazendo uma diretoria paritária, com 10 homens e 10 mulheres. É a demonstração que realmente queremos fazer a diferença. Eu estarei à frente por um ano. Logo em seguida eu vou me licenciar e ela vai assumir como uma presidente interina. Vamos tocar isso com muita facilidade. Até porque quando existe essas divisões internas é porque falta serviço, falta trabalho. Como vai ter muito trabalho, não vamos ter nenhuma dificuldade nisso”, defendeu o parlamentar.

Em 2023 e 2024, os deputados Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-TO) se alternaram no comando da bancada evangélica a cada seis meses. Esse foi o acordo firmado no final de 2022 para evitar uma eleição para o cargo de presidente da frente.

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