Heleno cita Lula e diz que caso do golpe repete erros da Lava Jato

O general Augusto Heleno apresentou nesta quinta-feira (6/3) sua defesa preliminar acerca da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que o acusou de organização criminosa e golpe de Estado. No documento, além de negar o envolvimento na trama golpista, ele cita o presidente Lula (PT) e diz que o caso do golpe segue os mesmos erros cometidos pela Operação Lava Jato.

Lula foi um dos alvos da Lava Jato, que em seu auge levou o então ex-presidente para a cadeia. O petista, apesar de ter anteriormente chefiado o Executivo e, portanto, ter ocupado um cargo com foro privilegiado, foi julgado pela 1ª instância. O caso está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Esse foi o motivo que levou Heleno a citar Lula, uma vez que o general defende que, apesar de ter ocupado cargo com foro, deve ter seu caso remetido Justiça Federal de 1º grau de Brasília.

imagem colorida do prédio do STF com iluminação amarela para campanha do Julho Amarelo, em prevenção à hepatite - Metrópoles

“Em situação processual muito similar, o atual Presidente da República foi, no passado, denunciado e julgado em primeira instância pela Justiça Federal de Curitiba por fatos ocorridos durante seu mandato e em razão do mandato, mas, por não ser mais presidente, foram julgados e processados em primeiro grau. Tal qual na presente situação, onde os fatos ocorreram durante o mandato e em função, mas os denunciados não exercem mais o cargo no momento da denúncia!”, afirma.

Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Heleno foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, além de ser uma pessoa próxima a Bolsonaro.

Na defesa preliminar, antes mesmo de apresentar seus contrapontos à denúncia da PGR, a defesa de Heleno ainda tece outra crítica ao procedimento adotado no processo da trama golpista. Segundo ele, o caso estaria cometendo os mesmo erros da Lava Jato.

O argumento é de que o STF possuiria uma “competência esponja”, ou seja, teria competência para julgar “todo e qualquer fato que possa eventualmente estar relacionado aos atos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023, o que não encontra amparo no texto constitucional ou infraconstitucional”.

“Estamos a incidir no mesmo erro em que incidimos no passado com relação à Operação Lava Jato e à “super competência” da 13ª Vara Federal de Curitiba”, afirma a defesa.

O documento também tece críticas às peças acusatória da PGR, por ter sido apresentada de forma “idêntica” para todos os denunciados.

A Lava Jato também é citada em outro momento na peça da defesa: quando Heleno pede que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, seja declarado suspeito de julgar os fatos porque ele estaria envolvido, tendo em vista a apuração de um suposto plano que planejava sua execução.

Ao discorrer sobre o tema, os advogados de Heleno relembram o julgamento, pelo STF, da suspeição do ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro e citam considerações da decisão que falam sobre ““imparcialidade como pedra de toque do processo penal”.

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