Esporotricose em gatos: Como prevenir e tratar a zoonose que está se espalhando nas cidades

A esporotricose, uma doença fúngica causada pelos fungos do gênero Sporothrix, tem se espalhado rapidamente pelo Brasil, afetando tanto animais quanto seres humanos. Inicialmente restrita a áreas rurais, a doença agora avança nas grandes cidades, com um foco específico nos gatos, que têm sido erroneamente apontados como os principais transmissores. Neste artigo, vamos abordar os riscos da esporotricose, os mitos em torno da doença e as melhores formas de prevenção e tratamento.

O que é a esporotricose e como ela se transmite?

A esporotricose é uma infecção fúngica profunda transmitida por Sporothrix que penetra na pele através de cortes ou arranhões. Essa zoonose afeta tanto humanos quanto animais, sendo especialmente preocupante em gatos, que desenvolvem formas agressivas da doença. O contato com solo, plantas ou animais infectados é a principal forma de transmissão do fungo. Embora os gatos possam ser infectados, eles não são responsáveis pela disseminação da doença. Ao contrário, são vítimas que precisam de cuidado e proteção.

Aumento alarmante de casos de esporotricose no Brasil

Nos últimos anos, os casos de esporotricose têm aumentado consideravelmente, especialmente em estados como Paraná, São Paulo e Pernambuco. Em 2023, o Paraná registrou 853 casos humanos e 3.290 casos em gatos, comparado a 253 e 1.412 no ano anterior, respectivamente. Esse aumento levou a esporotricose a ser incluída na Lista Nacional de Notificação Compulsória em janeiro de 2025, permitindo uma melhor monitoramento e controle da doença.

Com mais de 400 casos humanos registrados em São Paulo até setembro de 2023, a situação exige uma ação urgente. A conscientização da população é essencial para conter a propagação da doença e evitar mais diagnósticos.

Gatos: Vítimas da esporotricose, não Vilões

Embora os gatos estejam frequentemente associados à transmissão da esporotricose, a verdade é que eles são vítimas da doença e não responsáveis pela disseminação. Como destaca a médica-veterinária Farah de Andrade, consultora da DrogaVET, “os gatos são vítimas da esporotricose, não os vilões”. O estigma e o medo têm levado ao abandono e até ao sacrifício de felinos infectados, o que agrava ainda mais a situação, além de ser um ato de maus-tratos.

É importante compreender que abandonar um gato infectado não só compromete sua saúde, mas também cria novos focos da doença. De acordo com o Dr. Adolfo Sasaki, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, “abandonar um gato com esporotricose coloca em risco a saúde pública, ao propagar o fungo no ambiente”.

Sintomas da esporotricose em humanos e gatos

A esporotricose pode causar uma variedade de sintomas tanto em humanos quanto em animais. Em humanos, os sinais incluem feridas cutâneas que podem se assemelhar a picadas de insetos, febre, dor, e em casos mais graves, problemas respiratórios, que podem ser confundidos com tuberculose.

Nos gatos, os sintomas incluem feridas ulceradas, secreções, falta de apetite e letargia. Se não tratada rapidamente, a esporotricose pode evoluir para formas graves, afetando o sistema linfático e órgãos internos. O diagnóstico precoce é crucial, pois a doença tem altas taxas de cura, superiores a 90%, quando tratada de maneira adequada.

Prevenção: Como proteger seu gato e sua família

A prevenção da esporotricose envolve medidas simples, mas eficazes. Para reduzir o risco de infecção, é essencial:

  1. Manter os gatos dentro de casa: Impedir que eles tenham contato com solo ou plantas contaminadas.
  2. Realizar passeios supervisionados: Se for necessário, leve o gato para passeios com total controle.
  3. Castrar os animais: Gatos castrados têm menos tendência a fugir e se expor a ambientes de risco.
  4. Usar luvas ao manipular solo ou animais doentes: Isso ajuda a evitar a transmissão do fungo por contato direto.
  5. Isolar e desinfetar o ambiente de gatos em tratamento: Limpeza diária ajuda a reduzir a propagação do fungo.

Tratamento da esporotricose: Como curar seu gato

O tratamento da esporotricose é longo e exige paciência, especialmente porque os gatos costumam ser resistentes à administração de medicamentos. No entanto, existem alternativas eficazes, como a manipulação de antifúngicos com saborizantes (salsicha, frango, linguiça), que facilitam a adesão ao tratamento.

Antifúngicos como itraconazol, fluconazol e iodeto de potássio são comumente usados no tratamento da esporotricose em gatos, juntamente com fármacos tópicos para controlar as lesões. A manipulação farmacêutica oferece a possibilidade de ajustar os medicamentos às necessidades específicas de cada animal, aumentando as chances de sucesso do tratamento.

A Importância da conscientização e ação coletiva

O combate à esporotricose requer uma abordagem conjunta, envolvendo profissionais da saúde, veterinária e a conscientização da população. A educação sobre a doença, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para controlar a epidemia. Ao entender melhor os riscos, sintomas e formas de prevenção da esporotricose, podemos proteger nossos animais de estimação e minimizar a propagação dessa zoonose.

Em um cenário de crescimento contínuo de casos, a colaboração entre a sociedade e os órgãos de saúde pública é crucial para combater a esporotricose e garantir a saúde e bem-estar de humanos e animais.

Referências:

1. Ministério da Saúde (MS)

O Ministério da Saúde do Brasil é uma fonte primária e confiável para informações sobre doenças zoonóticas, incluindo a esporotricose. Ele disponibiliza boletins epidemiológicos, diretrizes e informações sobre a notificação compulsória e controle de doenças.

  • Ministério da Saúde – Zoonoses

2. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

A Fiocruz é uma instituição de pesquisa biomédica que realiza estudos importantes sobre doenças infecciosas e zoonóticas, incluindo a esporotricose. A Fiocruz publica artigos e estudos que podem fornecer informações detalhadas sobre a doença no contexto brasileiro.

  • Fiocruz – Zoonoses

3. Universidade de São Paulo (USP) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ)

A FMVZ da USP é uma referência no estudo de doenças infectocontagiosas de animais, incluindo a esporotricose. Pesquisadores dessa instituição frequentemente publicam estudos e artigos sobre a epidemiologia e tratamento de doenças fúngicas, além de orientações para o manejo veterinário.

  • FMVZ USP – Doenças Infecciosas

4. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Faculdade de Medicina Veterinária

A UFMG é uma referência acadêmica e científica no Brasil, com diversos estudos sobre esporotricose, sua prevenção e tratamento em animais, especialmente gatos. O departamento de medicina veterinária oferece pesquisas importantes sobre doenças fúngicas que afetam os felinos.

  • UFMG – Medicina Veterinária

5. Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV)

O CRMV de diversos estados brasileiros (como o CRMV-SP, CRMV-PR) são fontes de informações práticas, diretrizes e campanhas educativas sobre o manejo da esporotricose, especialmente em relação aos gatos e seu tratamento. Eles também realizam campanhas de conscientização sobre a prevenção e o controle da doença.

  • CRMV-SP
  • CRMV-PR

6. Instituto Adolfo Lutz (IAL)

O IAL realiza estudos e pesquisas sobre doenças infecciosas no Brasil, incluindo aquelas causadas por fungos, como a esporotricose. O instituto oferece dados e estudos epidemiológicos importantes sobre a evolução da doença em humanos e animais no país.

  • Instituto Adolfo Lutz

7. Boletins e Publicações da Secretaria de Saúde dos Estados

Diversos estados brasileiros, como Paraná, São Paulo e Pernambuco, publicam boletins de saúde sobre o avanço da esporotricose. Esses boletins são uma excelente fonte de dados epidemiológicos atualizados, mostrando a disseminação da doença e as medidas de controle adotadas nas regiões.

  • Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Paraná

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