UnB identifica 251 violações em comunidades terapêuticas país afora

Duzentos e cinquenta e uma violações de Direitos Humanos aconteceram em centros terapêuticos pelo país. Os dados são de 2023 e foram compilados por um projeto de grupo de extensão da Universidade de Brasília lançado nessa quarta-feira (5/3).

O grupo mapeou todas as notícias publicadas em jornais brasileiros abordando situações de violências, maus-tratos, tortura e outras violações ocorridas dentro de comunidades terapêuticas. No Distrito Federal, foram contabilizadas cinco unidades. Em Goiás, que abriga comunidades localizadas no Entorno do DF, foram 76 casos em instituições do tipo.

Veja:

Após o levantamento dos dados, o grupo elabora um relatório com os detalhes da publicação. A previsão é que seja publicado ainda em março.

De acordo com o coordenador do grupo Saúde Mental e Militância, o professor Pedro Costa destacou a importância do tipo de projeto. “As unidades terapêuticas são pautadas em três pilares que fortalecem a segregação e o asilamento”.

O Observatório de Violências das Comunidades Terapêuticas identificou 251 reportagens contendo denúncias de violações de direitos e irregularidades em comunidades terapêuticas de janeiro a dezembro de 2023 em todo Brasil.

“Com os resultados encontrados objetivamos demonstrar e apresentar ao público – mais uma vez – que não existem casos isolados de violência nas CTs e que o funcionamento normal de uma CT pressupõe violência e violação de direitos”, destaca publicação do grupo.

Humilhação, tortura e morte

Um dos casos analisados pelo grupo de pesquisa foi revelado pelo Metrópoles, em maio de 2023. Em uma área rural no Entorno do Distrito Federal, homens jovens e idosos que sofrem com a dependência química são submetidos, diariamente, a humilhações e sessões de tortura que já resultaram até em mortes.

Vídeos chocantes, aos quais o Metrópoles teve acesso, mostram pacientes sendo obrigados a entrar na água nus de madrugada, dormir no chão em meio à sujeira e ficar amarrados em posição semelhante à que escravizados eram punidos no Brasil há mais de 130 anos (foto em destaque).

Veja abaixo alguns vídeos das humilhações:

 

Segundo o professor, o observatório da UnB será atualizado anualmente ao final da cada ano, com acréscimo dos dados do ano anterior. A expectativa é que os dados possam ser usados como instrumento de pesquisa e denúncia sobre as violências.

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