UE anuncia taxas sobre produtos americanos, após novas tarifas nos EUA

A União Europeia (UE) vai impor tarifas equivalentes a US$ 28 bilhões em produtos americanos a partir de abril. O anúncio foi feito pela Comissão Europeia em um comunicado, nesta quarta-feira (12/3). A decisão é uma resposta às tarifas de 25% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o aço e o alumínio, e colocam um fim a isenções alfandegárias e impostos para certos produtos.

A medida europeia atinge no total US$ 150 bilhões (aproximadamente R$ 750 bilhões) em produtos derivados dos metais, como peças automotivas, materiais de construção e móveis de metal.

“Nossas medidas serão introduzidas em duas etapas. Elas começarão em 1º de abril e entrarão em vigor a partir de 13 de abril”, disse Ursula von der Leyen (foto em destaque), presidente da Comissão Europeia, em um comunicado.

As taxas se aplicam a produtos que vão de barcos a motocicletas. A UE disse que lançará uma consulta de duas semanas para identificar outras mercadorias que podem ser alvo de represálias.

Entre elas, produtos industriais e agrícolas, como aço e alumínio, têxteis, eletrodomésticos, plásticos, aves, carne bovina, ovos, laticínios, açúcar e vegetais. O objetivo da UE é ajustar o valor total às consequências financeiras arcadas pelo bloco com a aplicação das novas tarifas dos EUA, segundo a Comissão Europeia.

“Estamos prontos para nos engajar em um diálogo construtivo e pedi ao comissário de Comércio, Maroš Šefčovič, que retome suas discussões para explorar melhores soluções com os Estados Unidos”, acrescentou von der Leyen.

Reino Unido evita represálias

O Reino Unido não pretende implementar medidas imediatas após a entrada em vigor das tarifas adicionais dos EUA, disse o governo na quarta-feira.

“Estamos nos concentrando em uma abordagem pragmática e negociando rapidamente um acordo econômico mais amplo com os Estados Unidos para eliminar as tarifas adicionais”, disse o secretário de Estado britânico do Comércio, Jonathan Reynolds, em um comunicado, considerando a aplicação desses novos impostos “decepcionante”.

A decisão também impacta o Canadá, México e Brasil — os maiores fornecedores de aço para o mercado americano. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.

Segundo um relatório recente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil, os produtos semi-acabados de ferro e aço foram o segundo item mais exportado para os EUA no ano passado, com um volume total de US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 17,5 bilhões)

As novas tarifas são uma extensão das medidas de segurança nacional impostas por Trump durante seu primeiro mandato. Agora, os produtos derivados — como panelas de alumínio, dobradiças de portas, peças de máquinas e móveis metálicos — também serão taxados.

As tarifas devem atingir mais de US$ 25 bilhões (aproximadamente R$ 125 bilhões) em componentes de alumínio para veículos e US$ 15 bilhões (cerca de R$ 75 bilhões) em móveis e peças metálicas.

Durante uma visita à fábrica da Fiat em Betim (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão de Trump e minimizou o impacto das tarifas na economia brasileira. “Não adianta Trump ficar gritando ou fazendo cara feia”, afirmou Lula, destacando que o Brasil continuará crescendo e gerando empregos.

“O Brasil não vai parar por causa de tarifa americana. Fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado. É assim que a gente vai governar esse país”, concluiu Lula.

Tensão com o Canadá

Nessa terça-feira (11/3), Trump ameaçou elevar as tarifas sobre o aço e o alumínio canadenses para 50%, em resposta à decisão da província de Ontário de impor uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para os Estados Unidos. No entanto, após o governo de Ontário suspender a medida, Trump recuou da ameaça.

“Vou deixar vocês saberem”, respondeu Trump a um repórter na Casa Branca, ao ser questionado se as tarifas de 50% ainda seriam implementadas. Mais tarde, Peter Navarro, conselheiro sênior de Comércio, confirmou que o governo não seguirá com o aumento das tarifas.

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