Groenlândia: partido de centro-direita surpreende e vence as eleições

Em meio às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de adquirir a Groenlândia, a ilha do Ártico realizou uma campanha eleitoral considerada supreendente e votou pela reforma completa do governo. O resultado das eleições teve como vencedor o partido Democrata, de centro-direita.

A votação ocorreu nessa terça-feira (11/3). No pleito, os democratas substituíram o Inuit Ataqatigiit (IA), o partido do ex-primeiro-ministro Múte B Egede, como o maior partido no Inatsisartut, o parlamento da Groenlândia.

Também houve a duplicação de assentos para o Naleraq — o partido mais aberto à colaboração dos EUA e que apoia uma votação rápida sobre a independência — tornando-o o segundo maior partido.

Tanto os democratas quanto o partido em segundo lugar, Naleraq, são a favor da independência da Dinamarca, mas diferem no ritmo da mudança. Naleraq é o mais agressivamente pró-independência, enquanto os democratas são a favor de um ritmo mais moderado.

Resultado surpreendente

O resultado das eleições na Groenlândia surpreendeu até mesmo o líder democrata, Jens-Frederik Nielsen. O partido, que nunca antes havia garantido tantos assentos – seu recorde anterior era de sete em 2005 – não era considerado um dos principais participantes, com mais atenção em IA e Naleraq e o parceiro de coalizão mais recente, Siumut. Neste ano, a legenda triplicou os assentos na Casa.

O IA perdeu quase metade de suas cadeiras, caindo de 12 para sete, tornando-se o terceiro maior partido. Nenhum partido conquistou a maioria das 31 cadeiras, com isso os líderes seguirão para as negociações de coalizão para negociar a formação do próximo governo.

Os democratas se descrevem como “liberais sociais” e pediram independência, mas em longo prazo. Nielsen disse: “Não esperávamos que a eleição tivesse esse resultado; estamos muito felizes.”

Com 90% dos votos contados, os democratas detinham 29,9% dos votos, uma liderança intransponível, informou a emissora pública KNR da Groenlândia. A parcela de votos de Naleraq ficou em 24,5%.

Polêmica

Em meio à atenção mundial — em grande parte estimulada por Trump, que na semana passada disse ao Congresso que iria adquirir a Groenlândia “de uma forma ou de outra” e prometeu tornar os groenlandeses ricos — o comparecimento às eleições de terça-feira foi maior do que o normal, disseram autoridades eleitorais.

A eleição também estava sendo observada de perto na Dinamarca, que governou a Groenlândia como colônia até 1953 e continua a controlar sua política externa e de segurança. A Groenlândia, junto com as Ilhas Faroé, faz parte do reino da Dinamarca.

Espera-se que o futuro governo trace um cronograma para a independência, que é apoiado por uma grande maioria dos 57.000 habitantes da Groenlândia.

O movimento de longa data ganhou força significativa nos últimos anos após uma série de escândalos destacando o tratamento racista da Dinamarca aos groenlandeses – incluindo o escândalo do DIU , no qual até 4.500 mulheres e meninas foram supostamente equipadas com anticoncepcionais sem seu conhecimento, e testes de “competência parental” que separaram muitas crianças inuítes de seus pais.

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