Mulheres multitarefas e a sobrecarga invisível: como reencontrar o equilíbrio


A saúde mental das mulheres está em risco. Em um mundo onde a exigência por produtividade nunca foi tão alta, muitas delas se sentem sobrecarregadas, sem tempo para si mesmas e à beira do esgotamento. Foi esse cenário que Silvana Forcelini, tecnóloga em desenvolvimento humano e analista comportamental, abordou em sua palestra durante a Feira Inspira Mulher 2025, trazendo reflexões profundas sobre a vida da mulher multitarefa e as consequências dessa rotina exaustiva.

O peso invisível da mulher multitarefa

A mulher moderna acumula múltiplas funções: é profissional, mãe, esposa, gestora do lar e, muitas vezes, empreendedora. O problema? Ela tenta dar conta de tudo sem se permitir pausas. Segundo Forcelini, essa sobrecarga gera exaustão mental, crises de ansiedade, depressão e até problemas físicos.

“Elas passam a vida resolvendo problemas dos outros e, quando percebem, perderam a própria identidade”, alerta SILVANa.

A realidade da ansiedade feminina é preocupante. O Brasil lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade, e Santa Catarina está entre os estados com os índices mais elevados. A especialista destaca que o acúmulo de tarefas, sem gestão emocional, pode ser um gatilho para crises mais graves.

Quando a saúde mental dá sinais de alerta

Para muitas mulheres, o dia parece insuficiente. Elas tentam equilibrar trabalho, família e vida social, mas ao final do dia sentem que não fizeram o bastante. A autocrítica e a culpa são constantes.

“Se eu perguntar para 99,9% das mulheres que atendo quem elas realmente são, a maioria não sabe responder. Elas se perderam no processo” – afirma SILVANA.

A especialista explica que muitas mulheres acreditam que precisam ser produtivas o tempo todo. E quando não conseguem, se julgam duramente. Esse ciclo leva ao aumento do estresse e, em alguns casos, a quadros depressivos severos.

Homens também sofrem, mas buscam menos ajuda

Embora o foco do trabalho de Forcelini seja a saúde mental feminina, ela também destaca a subnotificação dos transtornos emocionais em homens.

Muitos carregam a crença de que precisam ser fortes o tempo todo e, por vergonha, evitam procurar ajuda psicológica. Essa mentalidade faz com que a ansiedade e a depressão masculina sejam menos diagnosticadas e tratadas, o que pode levar a consequências ainda mais graves.

“O homem também precisa de suporte emocional, mas a diferença é que ele tem mais resistência em pedir ajuda”, aponta SILVANA.

O segredo para quebrar o ciclo da exaustão

Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres multitarefas é a falta de tempo para si mesmas. Muitas acreditam que não podem se dar ao luxo de parar, pois têm responsabilidades demais. Mas, segundo Forcelini, a questão não é falta de tempo, mas sim prioridades mal organizadas.

Durante sua palestra, a especialista apresentou um teste de produtividade, que ajuda a identificar quanto tempo do dia está sendo realmente produtivo e quanto é desperdiçado com tarefas circunstanciais, que não agregam valor à vida da pessoa.

“Se você sente que não tem tempo para cuidar de si, faça esse teste. Ele pode mostrar que você está gastando horas apagando incêndios que nem deveriam ser seus.”

A solução, segundo ela, começa com pequenas mudanças. Criar pausas no dia, aprender a dizer “não”, praticar a respiração consciente e reorganizar prioridades são passos fundamentais para evitar o esgotamento.

Cuidar da mente é uma escolha – e um ato de coragem

Muitas mulheres só percebem que estão no limite quando já estão enfrentando sintomas graves de ansiedade ou depressão. No entanto, o melhor caminho é a prevenção.

“Ou você cuida da sua saúde mental agora, ou em algum momento terá que cuidar dela pela dor”, alerta SILVANA.

A especialista enfatiza que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de força. A terapia, a mentoria e os grupos de apoio são caminhos eficazes para quem busca recuperar o equilíbrio e retomar o controle da própria vida.

Para onde estamos indo?

A palestra de Forcelini teve como tema a pergunta “Por que você faz o que faz?” – um convite à reflexão sobre os reais motivos que levam as mulheres a se sobrecarregarem.

Ela alerta que viver no modo automático, sem questionar o propósito de cada ação, pode levar à frustração e ao desgaste emocional. Encontrar o equilíbrio não é um luxo, mas uma necessidade para manter a saúde física e mental.

A mensagem final da especialista é clara: o primeiro passo para mudar é reconhecer que algo precisa ser diferente. Afinal, se não houver mudanças, o cansaço, o estresse e a ansiedade continuarão sendo companhias constantes na rotina de muitas mulheres.

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