Setor de serviços cai 0,2%: “resultado bem desfavorável” avalia economista

O setor de serviços no Brasil registrou uma leve queda de 0,2% em janeiro de 2025 na comparação com dezembro de 2024, quando havia apresentado estabilidade. No entanto, na comparação com janeiro do ano passado, o setor cresceu 1,6%, marcando dez meses seguidos de alta. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).

O principal impacto negativo no mês veio do segmento de transportes, que recuou 1,8%, afetado por quedas no transporte dutoviário, aéreo, ferroviário e rodoviário coletivo de passageiros. Também registraram retração os serviços prestados às famílias (-2,4%) e os serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,5%).

Mesmo com essa oscilação negativa no curto prazo, o setor segue em alta no acumulado de 12 meses, com crescimento de 2,9%, ainda que menor do que os 3,2% registrados no fechamento de 2024.

Transportes e turismo puxam queda no setor de serviços

O setor de transportes foi o grande responsável pela queda em janeiro. A retração de 1,8% foi impulsionada pelo desempenho negativo no transporte dutoviário, aéreo, ferroviário e rodoviário coletivo de passageiros, além do segmento de correios. A desaceleração nesse setor é reflexo da queda na demanda e da influência de custos elevados, como o preço das passagens aéreas, que subiram 10,42% no mês.

Outro destaque negativo foi o setor de atividades turísticas, que sofreu uma redução de 6,4% em janeiro, após crescer 3,1% em dezembro. Essa queda foi a mais intensa desde março de 2021 (-24,4%) e impactou principalmente restaurantes, transporte aéreo de passageiros e serviços de buffet.

Regionalmente, São Paulo (-8,3%), Rio de Janeiro (-5,4%) e Minas Gerais (-4,2%) puxaram o desempenho negativo do turismo no período.

Setores de tecnologia e comunicação seguem em alta

Apesar do recuo em alguns segmentos, os serviços de informação e comunicação cresceram 2,3% em janeiro, acumulando alta de 2,8% nos últimos três meses. O setor de tecnologia da informação, em especial, avançou 7,8% e atingiu um novo recorde na série histórica iniciada em 2011.

Outros serviços, que incluem diversas atividades empresariais e financeiras, também registraram crescimento de 2,3%, recuperando parte da perda de 4,1% em dezembro de 2024.

Desempenho regional: queda na maioria dos estados

No recorte regional, 17 das 27 unidades da federação apresentaram queda no volume de serviços em janeiro, acompanhando o resultado nacional. As principais retrações foram registradas no Distrito Federal (-8,7%), Amazonas (-7,0%), Pernambuco (-4,5%) e Espírito Santo (-5,2%).

Por outro lado, estados como São Paulo (+0,9%), Rio de Janeiro (+1,0%) e Santa Catarina (+3,4%) registraram alta, ajudando a sustentar o desempenho positivo do setor na comparação anual.

Setor de serviços para além dos números

O economista Maykon Douglas avaliou o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços como um sinal de que a atividade econômica segue perdendo fôlego desde outubro de 2024, refletindo os impactos do aperto monetário. “Foi um resultado bem desfavorável: abaixo do esperado, com uma difusão abaixo da média histórica e com queda nos serviços às famílias” destacou.

O economista reiterou que essa retração nos serviços prestados às famílias merece atenção, pois afeta diretamente o consumo, um dos principais motores do PIB. “Vale acompanhar se este último ponto se repetirá, pois penaliza bastante o componente de consumo das famílias dentro do PIB, que caiu 1,0% no trimestre passado.” afirmou Douglas.

Além disso, Douglas ressaltou que os indicadores antecedentes da economia vêm ficando abaixo das projeções, o que pode indicar um cenário de desaceleração mais persistente nos próximos meses.

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