Sarney critica 8 de Janeiro, defende STF e elogia instituições

Em celebração aos 40 anos da redemocratização do Brasil, neste sábado (15/3), o ex-presidente José Sarney criticou o 8 de Janeiro, defendeu a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que as instituições continuam fortes no País. O emedebista foi homenageado em evento realizado em Brasília, no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.

A posse de Sarney em 1985 pôs fim ao período de ditadura militar, iniciado com o golpe de 1964. O emedebista foi eleito vice-presidente em janeiro daquele ano, mas tomou posse como interino após o presidente eleito Tancredo Neves passar mal. A posse foi cercada de incertezas sobre a aceitação dos militares com relação à chegada da democracia, e pouco depois foi convocada a Assembleia Constituinte.

“Este é o maior período que o pais passou usufruindo do regime democrático sem nenhum hiato. Funcionou a transição democrática, que nós tivemos a oportunidade de convocar a Constituinte, fazer a Constituição e concluir com ela o processo da transição. Esses acontecimentos (8 de Janeiro) foram extremamente danosos e, ao mesmo tempo, repugnados pelo povo brasileiro, por todas as classes”, afirmou Sarney.

O emedebista avaliou que, apesar disso, o aparato de Estado estabelecido pela Constituinte respondeu bem: “Tivemos a certeza que as instituições criadas por nós durante a transição foram tão fortes que já atravessaram dois impeachments, uma tentativa de mudança no Estado de Direito no dia 8 de janeiro e agora, livremente, o STF está julgando o que ele apurar quem é o culpado”.

Sarney ainda afirmou que não há crise com relação ao funcionamento dos Três Poderes e à democracia, e afastou a tese levantada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de que o Judiciário cerceia a liberdade no Brasil. “Não temos crise alguma, estamos em plena democracia funcionando, os EUA tiveram quase a mesma situação e não abalou a democracia americana”, disse o emedebista.

O ex-presidente também afirmou que as Forças Armadas, criticadas pela presença de militares de alta patente entre os denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela suposta tentativa de golpe, faz parte do grupo de instituições que funcionam livremente no contexto democrático.

“Estamos com as instituições muito fortes, das Forças Armadas, do Poder civil, do Congresso e dos Tribunais, com a sociedade funcionando livremente. Estamos num clima de absoluta liberdade, que conquistamos através da transição democrática. O que devemos ter presente é aquilo que eu, como membro da UDN antigamente, dizia: o preço da liberdade é a eterna vigilância”.

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