OPINIÃO – Rancho desqualificado: a comunidade jurunense nativa lamenta

Com os pensadores culturais que dirigem o Rancho, o resultado não surpreende.

Há mais de uma década, essas sucessivas diretorias não trabalham em favor da cultura carnavalesca jurunense, nem criam condições para desenvolver os artistas e valores locais. Entretanto, promovem acanhadas programações de marketing político que impedem os apaixonados por atividades carnavalescas e culturais de se aproximarem e de se identificarem com a “escola de samba”.

Suas diretorias politiqueiras de ocasião pouco contribuem para o desenvolvimento da entidade, apenas se locupletam com o que resta de representatividade do Rancho Não Posso Me Amofiná. Faz tempo que o Rancho passou a ter dono, e a população jurunense pouco participa, pois não reconhece o espaço como seu.

Repito: há tempos que o Rancho se afastou da comunidade, pois não vemos nada sendo feito para aproximar essa gente e, principalmente, a juventude, para conhecer personagens e se reconhecer na bela história do Rancho, desde a sua fundação.

Hoje, nas rodas de samba e nos bares das esquinas, não vemos mais “nossos artistas de viola em punho” cantarem nossos sambas. Melancólico dizer do meu saudosismo, no entanto, percebo que compositores e artistas do bairro pouco ou nada frequentam o espaço ranchista, pois não encontram motivos atraentes, nem são alcançados pelo chamamento publicitário que a Escola de Samba deveria ter, tal qual incentivasse a participação popular para uma renovação do formato de fazer carnaval envolvente para a comunidade.

Faz tempo que o Rancho passou a ter dono, e a população jurunense pouco participa por não reconhecer o espaço como seu. Se não houver uma revolução interna, o Rancho tende a desaparecer, assim como sua representatividade cultural no cenário belenense e nacional. No passado, seu nome contribuiu para divulgar Belém como o terceiro melhor carnaval do Brasil.

Diante de tantas justificativas convincentes e revoltantes, convoco intelectuais, artistas de todas as linguagens, compositores, poetas e apaixonados pela arte carnavalesca a formar uma corrente do bem em favor do resgate da história do Rancho. Esse episódio lastimável do rebaixamento da primeira escola de samba do Pará, o Rancho, tem que servir ao menos de exemplo para realinhar sua trajetória de vitórias no carnaval de Belém.

Mas, como diz o cantar: “Quem é do Rancho tem amor, não se amofina…” E, noutro verso do passado: “Jurunas tem seu nome na história, do carnaval foi o primeiro campeão.”

Incomodado com o fato do rebaixamento acontecer em pleno ano de 2025, da COP30, solidarizo-me aqui às lágrimas inconformadas dos abnegados sambistas jurunenses.

* Astrogildo Jasto (Astrô) – Jurunas/PA

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