Barbárie: Homem é assassinado por PMs em abordagem, no meio da rua – Vídeo

Um homem de 26 anos foi agredido e morto a tiros por dois policiais militares no último sábado (15), em Barueri, na Grande São Paulo. O caso ocorreu na Avenida Petrobrás, próximo à Rodovia Castello Branco, no bairro Jardim Mutinga, por volta das 17h15, e foi registrado em vídeos por motoristas que passavam pelo local.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os policiais envolvidos foram afastados de suas funções.

A abordagem e a morte

Lucas Almeida de Lima, de 26 anos, estava ajudando um amigo a consertar a parte elétrica de um carro quando uma viatura da Polícia Militar parou. De acordo com o boletim de ocorrência, os agentes alegaram que a atitude parecia suspeita. Ao se aproximarem, Lucas teria corrido.

Nas imagens gravadas, é possível ver que um dos PMs imobiliza Lucas segurando-o pelos braços, enquanto o outro o agride com socos e um chute no estômago.

A violência continuou na calçada, próximo a um morro, onde os policiais tentaram conter o jovem puxando-o pelos braços. Em determinado momento, Lucas segurou a arma de um dos agentes, e o outro policial efetuou três disparos contra ele.

Socorrido ao pronto-socorro do Parque Imperial, Lucas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Versões do caso

Em depoimento, os policiais justificaram que Lucas resistiu à abordagem, entrou em luta corporal e tentou pegar a arma de um deles.

Porém, o dono do veículo afirmou que Lucas apenas o ajudava com um problema elétrico e que correu e pulou um muro ao ver a viatura, sem motivo aparente. Ele também declarou: “Lucas trabalhava normalmente e que não tinha nenhum tipo de envolvimento com o crime”.

A mãe de Lucas, a auxiliar de limpeza Edileusa Almeida Oliveira Lima, disse que o filho tinha medo da polícia. “Uma vez ele foi abordado e falaram: ‘vai para frente e não olhe para trás’. Ali ele já achou que ia levar um tiro pelas costas e ficou traumatizado. Ele foi pegando esse medo”.

Emocionada, Edileusa ainda afirmou que seu filho não oferecia riscos aos policiais: “[Era] um menino ótimo, não merecia isso não. Fizeram de maldade, uns covardes […] O Lucas não estava armado, não ameaçava eles em nada. Ele só resistiu porque ficou com medo de o levarem. Ficou com pavor”.

Ela também destacou o caráter do filho. “Um filho maravilhoso, nunca deu trabalho. Só queria o bem da gente, uma pessoa trabalhadora, nunca fez nada de errado, nunca foi preso”.

Aumento da violência policial

O caso de Lucas ocorre em meio a um aumento expressivo da letalidade policial no estado de São Paulo. Somente em 2025, 107 pessoas já foram mortas por policiais militares. Os dados são do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público, e abrangem o período de 1º de janeiro a 10 de março.

A segurança pública tem sido um desafio para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), especialmente após um aumento de 67% nas mortes cometidas por policiais militares em 2024, comparado a 2023. No ano passado, 769 pessoas foram mortas por PMs, contra 460 em 2023.

As operações da Polícia Militar na Baixada Santista foram as mais letais desde o massacre do Carandiru, com 56 mortos em 2024 e 28 em 2023.

A SSP divulgou uma nota sobre o caso:

*”A Polícia Militar apura os fatos por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) e destaca que os policiais militares foram afastados enquanto os procedimentos operacionais são analisados. A Polícia Civil também investiga a ocorrência por meio de um inquérito instaurado pela delegacia de Barueri.

A Polícia Militar ressalta que é uma instituição legalista e, constatada qualquer irregularidade, todas as medidas cabíveis serão adotadas.

A PM é uma instituição legalista e não compactua com desvios de conduta de seus agentes. A atual gestão investe em formação contínua do efetivo, capacitações práticas e teóricas, e na aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo. Além disso, comissões realizam a análise das ocorrências para os ajustes dos procedimentos operacionais, sempre que necessário, bem como à orientação da tropa durante as instruções e treinamentos promovidos regularmente nas unidades policiais em todo o Estado. Aqueles que infringem a lei e desobedecem seus protocolos recebem punição exemplarmente.

Prova disso é que, desde o início da gestão, 295 policiais militares foram demitidos ou expulsos, resultado do fortalecimento do trabalho disciplinar. Todos os casos dessa natureza são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, além do Ministério Público e do Poder Judiciário. Em janeiro deste ano as mortes decorrentes de intervenção policial (MDIP) caíram de 59 para 38 casos (somando agentes em serviço e de folga), em comparação ao mesmo período do ano anterior, revertendo a alta apresentada nos últimos meses.”*

Do Ver-o-fato, com informações do G1

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