Opinião: “mesmo com a polarização, Lula e Bolsonaro perdem popularidade”

No último domingo, a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro trouxe uma multidão bem menor que a esperada à praia de Copacabana. Do outro lado do tabuleiro, vemos a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cair de forma consistente, mesmo com índices baixos de desemprego e consumo ainda forte (apesar da inflação alta dos alimentos).

Há indícios, assim, de que a aprovação popular destes dois líderes já não é mais a mesma. Isso parece ser surpreendente, pois a polarização política ainda está em alta, o que em tese inflaria a estima de quem comanda as correntes ideológicas majoritárias.

Isso pode ser visto nas pesquisas eleitorais. Mesmo sofrendo reprovação, Lula lidera a maioria das enquetes a respeito das eleições de 2026. E Bolsonaro, apesar de não conseguir mais reunir as multidões de antes, ainda aparece como seu principal opositor, mesmo que esteja inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

Lula vs Bolsonaro: como isso seria possível?

A performance de Lula e de Bolsonaro nas pesquisas reflete a falta de novos nomes para entrar na Série A da política brasileira. Lula vem sendo a única opção da esquerda há mais de trinta anos, enquanto Bolsonaro parece ser o Plano A, B e C da direita desde 2018. Sem novas alternativas, os eleitores acabam cravando os nomes de sempre, já que preferem um nome alinhado politicamente (mesmo que tenham reservas) do que cravar um inimigo ideológico.

O desaparecimento, na prática, do PSDB e a opção do Centrão por aderir ao poder e não tentar obtê-lo nos pleitos acabou favorecendo a polarização que vemos hoje no país. Com isso, o cenário foi ficando cada vez mais carente de candidatos moderados e as opções mais viáveis passaram a ser aquelas que representavam melhor os extremos.

Hoje, no entanto, percebe-se que a sociedade começa a se preparar para uma alternativa diferente. Não precisa ser necessariamente alguém vinculado ao centro – mas os eleitores anseiam por novos nomes.

O problema é que os atuais caciques não querem arredar o pé de onde estão. Lula quer exercer o direito de se reeleger e, durante décadas, não permitiu a ascensão de alguém que pudesse substituí-lo à frente do PT e das esquerdas em geral. Desde que despontou como o principal político de direita do país, Bolsonaro fez questão de afastar qualquer nome que estivesse crescendo entre seu eleitorado. Seu modus operandi é diferente do de Lula. Mas, no final, eles querem a mesma coisa: continuar na liderança de seus quadrados.

Lula atua como sindicalista de renome nacional desde o final dos anos 1970 e se candidatou pela primeira vez em 1982. Já Bolsonaro entrou na política em 1988, quando foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro. A primeira campanha de Lula foi há 43 anos; a de Bolsonaro, há 37 anos. O presidente tem 79 anos; o ex completará 70 nesta semana.

Está mais que na hora de renovarmos a cena política brasileira. E isso inclui os candidatos que entrarão na disputa pela presidência em 2026.

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