Alto nível de atenção: OMS declara a mpox emergência de saúde mundial

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu declarar a mpox como uma emergência de saúde mundial em reunião extraordinária nesta quarta-feira (14/8). A alta de casos global, mas em especial na África Oriental e Central, e o aumento das evidências de uma maior letalidade da doença foram consideradas determinantes para a decisão de reclassificar a doença.

Anteriormente chamada de varíola dos macacos, a mpox foi declarada como surto global em 2022, mas foi controlada rapidamente e saiu da lista de emergências em 2023. A nova cepa em circulação, a variante Clade 1b, porém, pode ser mais desafiadora para as estratégias de imunização: ela é mais contagiosa e até 10 vezes mais letal do que a que circulou há dois anos.

O Comitê de Emergência da OMS que determinou a reclassificação da mpox considerou o risco de aumento de casos da doença no continente africano e as chances de espalhamento da doença por outros continentes.

“Mpox é conhecida no Congo há mais de 10 anos, mas no último ano e neste ano, os casos viveram uma explosão que extrapolou todos os os recordes. Isso é algo que deve nos preocupar a todos e por isso declaramos que essa doença é uma emergência internacional, um perigo global. Este é o nosso mais alto nível de atenção”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Com a decisão dos especialistas, a OMS passa a trabalhar na produção de um Regulamento Sanitário Internacional para tentar controlar a transmissão da doença. O organismo internacional também convocou na segunda-feira (12/8) um chamado para que farmacêuticas submetam pedidos de análise para o uso emergencial das doses de vacina contra o vírus.

Os imunizantes usados em 2022 foram feitos rapidamente a partir de versões modificadas da vacina usada contra a transmissão da varíola.

Nova variante da mpox pode ter transmissão sexual

A comunidade científica vinha alertando desde abril deste ano sobre os riscos da doença. Um trabalho publicado no início de 2024 relatou que 29% dos casos foram registrados entre pessoas que trabalhavam com sexo, o que pode explicar a disseminação da doença rapidamente na região de minas de extração de ouro, onde prostitutas são frequentes.

Na terça-feira (13/8), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) declarou o cenário de mpox na região como emergência em saúde e de segurança continental. O anúncio foi feito pelo diretor-geral da entidade, Jean Kaseya, ao citar a rápida transmissão da doença na África.

O que é a mpox?

A mpox é uma doença causada pelo vírus monkeypox, que pertence ao mesmo grupo de vírus da varíola. Os primeiros sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dor no corpo e nas costas. Em seguida, aparecem inchaço nos linfonodos e bolinhas pelo corpo, principalmente no rosto, mãos e pés. A doença evolui para a formação de crostas na pele.

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Concebida para agir contra a varíola humana, erradicada na década de 1980, a vacina contra a condição também serve para evitar a contaminação pela varíola dos macacos, por serem doenças muito parecidas

Tanto o vírus causador da varíola humana quanto o causador da varíola dos macacos fazem parte da família "ortopoxvírus". A vacina, portanto, utiliza um terceiro vírus desta família, que, além de ser geneticamente próximo aos supracitados, é inofensivo aos humanos e ajuda a combater as doenças, o vírus vaccinia
Homens que fazem sexo com outros homens e as pessoas que tiveram contato próximo com um paciente infectado foram consideradas prioritárias para o recebimento das doses
Atualmente, existem duas vacinas em uso contra a varíola dos macacos no mundo: a Jynneos, fabricada pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, e a ACAM2000, fabricada pela francesa Sanofi
A Jynneos é administrado como duas injeções subcutâneas (0,5 mL) com 28 dias de intervalo. A resposta imune leva 14 dias após a segunda dose
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A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), agência internacional dedicada a melhorar as condições de saúde dos países das Américas, destinou lotes de doses da vacina contra a varíola dos macacos a diversas nações, incluindo o Brasil. Segundo especialistas, o esquema vacinal dos imunizantes é de duas doses com intervalo de cerca de 30 dias entre elas

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Concebida para agir contra a varíola humana, erradicada na década de 1980, a vacina contra a condição também serve para evitar a contaminação pela varíola dos macacos, por serem doenças muito parecidas

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Tanto o vírus causador da varíola humana quanto o causador da varíola dos macacos fazem parte da família “ortopoxvírus”. A vacina, portanto, utiliza um terceiro vírus desta família, que, além de ser geneticamente próximo aos supracitados, é inofensivo aos humanos e ajuda a combater as doenças, o vírus vaccinia

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Homens que fazem sexo com outros homens e as pessoas que tiveram contato próximo com um paciente infectado foram consideradas prioritárias para o recebimento das doses

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Atualmente, existem duas vacinas em uso contra a varíola dos macacos no mundo: a Jynneos, fabricada pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, e a ACAM2000, fabricada pela francesa Sanofi

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A Jynneos é administrado como duas injeções subcutâneas (0,5 mL) com 28 dias de intervalo. A resposta imune leva 14 dias após a segunda dose

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A ACAM2000 é administrado como uma dose percutânea por meio de técnica de punção múltipla com agulha bifurcada. A resposta imune leva 4 semanas

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A vacinação contra a mpox é uma estratégia indicada tanto para a prevenção e defesa quanto para ensinar o corpo a combater o vírus antes de uma infecção

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Entre os sintomas da condição estão: febre, dor de cabeça, dor no corpo e nas costas, inchaço nos linfonodos, exaustão e calafrios. Também há bolinhas que aparecem no corpo inteiro (principalmente rosto, mãos e pés) e evoluem, formando crostas, que mais tarde caem

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A transmissão do vírus ocorre, principalmente, por meio do contato com secreções respiratórias, lesões de pele das pessoas infectadas ou objetos que tenham sido usados pelos pacientes. Até aqui, não há confirmação de que ocorra transmissão via sexual, mas a hipótese está sendo levantada pelos cientistas

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O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias, mas os sintomas, que podem ser muito pruriginosos ou dolorosos, geralmente aparecem após 10 dias

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