Eduardo Bolsonaro deu uma de Jean Wyllys

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O que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez, é uma pataquada. Desrespeitando os 741 mil votos que fez na bem-sucedida reeleição em 2022, o parlamentar, que já está nos Estados Unidos, mente ao eleitor ao deixar entrelinhas que estaria sendo perseguido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, quando jamais foi mencionado no inquérito que investiga o planejamento da tentativa de golpe de estado que poderia ocorrer em dezembro daquele ano.

Eduardo deu uma de Jean Wyllys (PT-RJ). Lembra do caso? Após uma reeleição conquistada por muito pouco em 2018, para o terceiro mandato como deputado federal pelo Psol, o vencedor da edição de 2005 do Big Brother Brasil, da TV Globo, desistiu de assumir em 2019 após se sentir inseguro por consequência do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), e de seu motorista, Anderson Gomes. Inclusive, a Polícia Federal prendeu um dos que ameaçou Jean de morte antes da desistência do mandato.

Aos inocentes, fica a análise do jornal Estado de Minas, feita pela jornalista Juliana Arreguy hoje (19). Wyllys abriu mão do mandato pouco após a posse de Jair Bolsonaro como presidente, sob a afirmação de que, àquela altura, sua permanência no país não era mais segura. Ele citou ameaças de morte e ataques homofóbicos de Bolsonaro contra ele.

Ontem (18), Eduardo Bolsonaro anunciou o pedido de licença do cargo de deputado federal afirmando que a decisão de ficar nos EUA foi a “mais difícil” de sua vida, e também apelou para as garantias dos direitos humanos ao anunciar que não retornará ao Brasil. Jean Wyllys também preferiu o exílio, mas na Europa, se dedicando à vida acadêmica até julho de 2023, quando voltou ao Brasil.

Assim como Wyllys se dedicou a denunciar o governo Bolsonaro enquanto esteve fora do país, Eduardo tenta convencer autoridades americanas a aplicarem sanções contra Moraes, que é relator da denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre a trama golpista de 2022, que pode tornar Jair Bolsonaro réu no STF na próxima semana.

Com base nesses comparativos, defendo que o principal perdedor da história é o eleitor, que recebe a impressão de termos uma democracia frouxa em função de, em tese, não haver garantias suficientes para o exercício da democracia e da ampla defesa em termos constitucionais e éticos, tanto na esquerda, quanto na direita. A insegurança jurídica do país bate em Chico, mas também em Francisco, e o mandato popular é uma das coisas mais sagradas de um regime democrático. Será que nossos políticos o valorizam como devem?

Recadinhos

  • Eduardo Bolsonaro abriu mão do salário de deputado federal ao qual tem direito quando decidiu tirar a licença. Atitude ética e plausível.
  • Correta a atitude da Procuradoria-Geral da República em negar o pedido de deputados do PT para apreender o passaporte de Eduardo.
  • Eduardo Bolsonaro é réu em uma ação penal por difamação apresentada pela deputada Tábata Amaral (PSB-SP).
  • Conforme o g1, ele afirmou sem provas que ela teria criado um projeto de lei sobre distribuição de absorventes para favorecer o empresário Jorge Paulo Lemann, sócio de diversas empresas como a Ambev, as Lojas Americanas e a Hemmer.

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