SP: empresa ligada a chefe da polícia protege bilionários por R$ 7 mi

São Paulo — Estádios de futebol, Carnaval, marcas de luxo e até o condomínio de mansões mais caro de São Paulo estão na lista de clientes de uma empresa de segurança privada ligada ao diretor-geral da Polícia Civil, Artur José Dian, e seus familiares.

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Rosalia Dian estava na sociedade da A2 quando empresa conseguiu registro de empresa de segurança junto à PF

Dian é sócio de outra empresa de nome semelhante àquelas abertas por seus parentes
Artur Dian mantém sociedade em consultoria empresarial com dona da A2 Segurança
Sede da A2 Segurança
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Mãe do delegado-geral Artur Dian capitalizou empresa de segurança

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Rosalia Dian estava na sociedade da A2 quando empresa conseguiu registro de empresa de segurança junto à PF

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Dian é sócio de outra empresa de nome semelhante àquelas abertas por seus parentes

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Artur Dian mantém sociedade em consultoria empresarial com dona da A2 Segurança

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Sede da A2 Segurança

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Conjunto habitacional da Cohab onde mora sócia formal da A2

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Delegado Artur José Dian

Fábio Vieira/Metrópoles

Um grupo de empresas do ramo com nomes semelhantes foi fundado há mais de uma década pelo delegado e seus parentes. Os objetos vão de gestão de empresas a segurança privada. A principal delas, do ramo de segurança, foi repassada a uma funcionária que é sócia de Dian em uma consultoria. Os contratos chegam a R$ 7,4 milhões.

O delegado-geral e sua família criaram companhias com o nome A2DP, em meados de 2008. Dian, até hoje, é sócio da A2DP Gestão Empresarial. Sua mãe, Rosalia, estava formalmente nos quadros da A2DPS Segurança e Vigilância.

Em 2017, Rosalia deixou a sociedade e o capital de R$ 300 mil para a gerente administrativa da empresa, Elizabeth Cássia Iaquelli. Funcionária da A2, Elizabeth não tem muitas posses: ela é dona de apenas um apartamento de 50 m² da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), no bairro de Artur Alvim, zona leste de São Paulo, no valor de R$ 223 mil, financiados em 30 anos.

Paralelamente à A2, Elizabeth é sócia de Artur Dian na Roca Consultoria em Negócios Empresariais, que tem capital de R$ 5 mil, dos quais R$ 4.999 são integralizados pelo delegado-geral, e R$ 1 por ela. Tanto a A2DP quanto a Roca estão com a situação cadastral ativa na Receita Federal, conforme consulta feita pelo Metrópoles nessa quarta-feira (19/3) — a primeira, desde 2008, e a Roca, desde 2011.

A empresa presta serviços para grandes estabelecimentos e mercado de luxo. Em suas redes sociais, publica fotos de seus agentes em eventos de uma famosa revista americana de alta moda, de um banco e em shows organizados em estádios de futebol.

Condomínio de alto luxo

Um desses serviços, por exemplo, é prestado à associação de moradores do condomínio Fazenda Boa Vista Village, em Porto Feliz, no interior de São Paulo, onde mansões chegam a custar R$ 45 milhões. Lá, banqueiros e bilionários têm casas. Há piscina com ondas para surf, campo de golfe e até um hotel da rede Fasano.

O contrato, obtido pelo Metrópoles, é de R$ 7,4 milhões, para serviços prestados entre outubro de 2023 e o mesmo mês do ano seguinte. Estão previstos uma central de monitoramento, rondas com motos e carros e 82 vigilantes empenhados para fazer segurança 24 horas do condomínio.

Foi no condomínio Fazenda Boa Vista que aconteceu uma confusão que foi parar na própria Polícia Civil de São Paulo. Um prestador de serviços disse ter sido acossado por funcionários da empresa com um mata-leão. Segundo ele, tentou se defender filmando a agressão e teve o celular tomado e imagens apagadas. Ele fez boletim de ocorrência. Na Justiça, pede indenização a título de danos morais.

Dian é filho do investigador aposentado Carlos Alberto Dian, e herdeiro de uma indústria do ramo de plástico que está em recuperação judicial, processo destinado a renegociar e quitar dívidas de empresas em apuros. A família ainda mantém um patrimônio de casas, sítios e fazendas na capital e no interior.

O que diz o delegado-geral

Por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, o delegado-geral Artur Dian afirmou que “não possui e jamais possuiu qualquer vínculo societário com a empresa A2 Segurança e Vigilância”.

“Em relação às empresas A2DP Gestão Empresarial e Roca, esclarecemos ainda que a primeira está inativa desde 2008 e a segunda foi desativada em 2020. Importante destacar que ambas nunca mantiveram qualquer relação comercial entre si. Com uma trajetória de 32 anos na Polícia Civil, Artur Dian sempre desempenhou suas funções com absoluta imparcialidade, rigoroso respeito às leis e às normas da instituição”, afirma.

Procurada, a A2 Segurança afirmou que “Artur Dian nunca integrou, nem faz parte do quadro societário da empresa”. “Quaisquer informações adicionais devem ser tratadas diretamente com o mencionado.”

“A título de esclarecimento, a Sra. Elizabeth, atual sócia da A2 Segurança, adquiriu a totalidade das cotas da empresa em 2017 e, para tanto, cumpriu todos os requisitos exigidos pelos órgãos reguladores do setor”, afirmou a empresa.

A associação de moradores do Fazenda Boa Vista afirmou que “para informações da empresa mencionada [A2] por gentileza entrar em contato diretamente com eles”. A entidade não respondeu perguntas direcionadas a ela, como questionamentos sobre quem era o representante da A2 na negociação do contrato.

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