Lagarde: guerra comercial com EUA pode reduzir crescimento da Europa

A possível guerra comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) pode resultar na diminuição do crescimento econômico europeu neste ano. A avaliação foi feita pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, nesta quinta-feira (20/3).

Durante audiência no Parlamento Europeu, Lagarde criticou a política tarifária do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, que impôs taxas adicionais de 25% sobre importações da Europa.

Segundo a chefe da autoridade monetária do bloco, o “tarifaço” de Trump pode representar uma queda de até 0,5 ponto percentual na taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da UE em 2025, além de aumentar a inflação.

Lagarde defendeu ainda que os países europeus se integrem a outros mercados para compensar as perdas com as tarifas dos EUA.

Na semana passada, o governo Trump implementou tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio em todo o mundo. A partir de abril, entrarão em vigor outras medidas contra a UE.

“O aumento das fricções comerciais é prejudicial ao crescimento e ao bem-estar globais. Eles aumentam os custos, interrompem a produção e, frequentemente, levam a um ajuste das cadeias de suprimentos. Isso também encoraja políticas retaliatórias de ‘olho por olho’, minando ainda mais os benefícios do livre comércio”, afirmou Lagarde a parlamentares europeus.

“O efeito seria atenuado no médio prazo devido à menor atividade econômica, o que reduziria as pressões inflacionárias”, completou a presidente do BCE.

Aumento de gastos com defesa e infraestrutura

Em seu pronunciamento no Parlamento Europeu, Christine Lagarde elogiou a aprovação, na última terça-feira (18/3), de uma histórica reforma fiscal na Alemanha, para abrir espaço para mais gastos públicos nos setores de infraestrutura e defesa.

O texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado, provavelmente na sexta-feira (21/3), antes de ser encaminhado para sanção.

O pacote de gastos abre espaço no orçamento alemão para o aumento de despesas com defesa, em meio à preocupação generalizada com a segurança dos países europeus.

A Alemanha e outras nações do bloco têm sido pressionadas a reforçar suas defesas diante do comportamento hostil do governo da Rússia liderado por Vladimir Putin.

“Minha suspeita é que os mercados estão vendo isso como um aumento do crescimento no futuro, financiado por um longo período de tempo”, afirmou Lagarde.

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