Pastor do CV é procurado por extorsão milionária contra comerciantes

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na quinta-feira (21/3), a Operação Falso Profeta, que investiga um esquema de extorsão e lavagem de dinheiro liderado por Ulisses Batista (foto em destaque), um pastor evangélico apontado como um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no estado.

Ulisses está foragido no Rio de Janeiro e é suspeito de movimentar milhões de reais com cobrança ilegal de taxas sobre a venda de água mineral em Cuiabá e Várzea Grande.

Segundo as investigações, o pastor obrigava comerciantes a comprar galões de água exclusivamente fornecidos pela facção e repassar R$ 1 por unidade vendida ao grupo criminoso. O esquema, denominado “Projeto Água 20 LT”, atuava de forma organizada, com divisão de tarefas, ameaças e até grupos de WhatsApp para controlar os distribuidores e intimidar os comerciantes que tentassem se recusar a pagar.

Durante a operação, foram cumpridas 30 ordens judiciais, incluindo sete mandados de prisão preventiva, nove de busca e apreensão, bloqueio de contas bancárias que somam até R$ 1,5 milhão, sequestro de veículos e suspensão de atividades econômicas de empresas ligadas ao grupo.

Dupla identidade
Conhecido na comunidade por suas pregações na igreja do bairro Pedra 90, Ulisses Batista levava uma vida dupla. Enquanto discursava sobre fé e ajudava em programas de rádio, nos bastidores coordenava extorsões a empresários e lavava dinheiro para o Comando Vermelho. Sua distribuidora de água, apontada como fachada para o crime, está fechada há meses.

O delegado responsável pela investigação afirmou que os comerciantes eram coagidos de forma velada, com ameaças como “precisamos conversar pessoalmente” quando recusavam as imposições da facção. Todos os envolvidos já têm fichas criminais por tráfico de drogas, homicídio e outros crimes graves.

A polícia descobriu que empresas ligadas ao grupo operavam como testas de ferro, movimentando grandes quantias sem comprovação de origem lícita. Os recursos extorquidos eram enviados ao Comando Vermelho no Rio de Janeiro, reduto da facção.

A Operação Falso Profeta integra o programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, dentro da Operação Inter Partes, voltada ao combate de facções criminosas no estado.

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