Especialista classifica superávit de R$ 15 bi como “pouco crível”

“Sem desagrado, não há ajuste fiscal”, diz especialista sobre atraso no ajuste fiscal

O orçamento de 2025 aprovado pelo Congresso Nacional prevê um superávit primário de R$ 15 bilhões. Mas, na avaliação de Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, esse número não passa de uma tentativa de “vender confiança” ao mercado. Em entrevista ao programa da BM&C News, o economista classificou o plano fiscal como pouco crível, criticando a forma como o resultado foi construído.

Esse superávit previsto é mais simbólico do que real. Quando olhamos com atenção, vemos uma série de receitas superestimadas e despesas subestimadas. É uma contabilidade que gera desconfiança”, afirmou Saravalle.

O especialista também destacou o peso crescente das emendas parlamentares no orçamento federal, apontando que essa prática, embora recorrente desde governos anteriores, tem se intensificado. “As emendas se tornaram parte estrutural do orçamento e trazem um nível de imprevisibilidade fiscal inaceitável. Isso não é exclusividade deste governo, mas o problema se agrava a cada ano”, pontuou.

Dívida crescente e juros altos: cenário fiscal preocupa

Segundo Saravalle, mesmo com o discurso oficial de responsabilidade, o mercado continua precificando um cenário de deterioração fiscal. “O endividamento não para de crescer e a curva de juros de longo prazo permanece elevada, com taxas entre 12% e 14%. Isso mostra claramente a falta de confiança nos fundamentos fiscais do Brasil”, alertou.

O CIO da MSX também criticou a ausência de medidas concretas para redução de despesas públicas. Para ele, enquanto o governo não apresentar um plano consistente para conter gastos, os juros permanecerão pressionados — e a atividade econômica continuará sofrendo os impactos.

Inflação e perda de poder de compra distancia superávit

Saravalle ressaltou que os efeitos dessa instabilidade fiscal já são percebidos diretamente pela população. “A inflação continua presente, principalmente nos alimentos, e isso reduz o poder de compra das famílias. É o reflexo direto de uma política fiscal expansionista que não consegue gerar estabilidade”, afirmou.

O economista reforçou que, em um cenário como o atual, a percepção de risco aumenta e os investidores buscam ativos mais seguros. “O custo dessa desconfiança recai sobre todos, principalmente os mais pobres, que enfrentam preços mais altos e salários que não acompanham essa escalada.”

O risco da “ficção fiscal”

Na avaliação do especialista, o superávit anunciado não passa de uma “peça de ficção fiscal”. Ele argumenta que o número não reflete a realidade das contas públicas e que o mercado já considera, na prática, um resultado muito diferente do divulgado.

O déficit real pode ser muito superior ao que está no orçamento. E isso é preocupante. Estamos diante de um cenário em que o discurso otimista do governo não encontra respaldo nos dados”, concluiu Saravalle.

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