R$ 1,7 tri para refinanciar dívida: “Brasil trabalha só para pagar juros” alerta economista

O orçamento federal de 2025 destina R$ 1,7 trilhão apenas para o refinanciamento da dívida pública, número que acendeu um alerta no mercado. Em entrevista ao programa da BM&C News, o economista Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, avaliou que a trajetória atual das contas públicas brasileiras coloca o país em um ciclo vicioso, no qual o governo praticamente trabalha apenas para pagar juros da dívida.

“É como uma família muito endividada que vive para pagar o básico. O Brasil está nessa condição”, afirmou Saravalle. Segundo ele, o espaço para investimentos em áreas estratégicas vem sendo sistematicamente comprimido pela combinação de despesas obrigatórias e juros elevados, o que ameaça o crescimento econômico no médio e longo prazo.

O grande desafio será o próximo mandato

Na visão do economista, o maior risco não está necessariamente em 2025, mas sim no legado deixado para o próximo presidente da República. Independentemente de quem seja eleito, Saravalle alerta que o futuro chefe do Executivo encontrará um cenário fiscal já pressionado, com dívida elevada e pouca margem para políticas de estímulo.

“Esse presidente terá que lidar com uma estrutura parecida com a de um orçamento doméstico no vermelho, em que boa parte da receita vai para alimentação, habitação e pagamento de juros”, comparou.

Juros altos tornam a dívida mais cara

Para Saravalle, o patamar estrutural de juros no Brasil já não é mais de 7%, 8% ou 9%, como se imaginava há alguns anos. “Infelizmente, a taxa normal hoje é acima de 10%. E isso torna a rolagem da dívida muito mais cara — praticamente perpétua”, disse.

Ele também destacou que esse cenário força o governo a buscar aumentos de arrecadação para manter o funcionamento da máquina pública, já que boa parte da receita é comprometida com o refinanciamento da dívida.

“O trabalhador brasileiro e o próprio governo trabalham hoje para pagar dívida. E isso é insustentável no longo prazo se nada for feito para reverter a trajetória”, concluiu o economista.

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