Senadores republicanos cobram investigação sobre vazamento no Signal

Senadores republicanos solicitaram uma investigação sobre o recente vazamento de mensagens no aplicativo Signal envolvendo funcionários da segurança nacional do governo Trump. O episódio, que resultou na exposição de informações sobre ataques militares no Iêmen, gerou preocupações dentro do partido e levou a pedidos formais para que o Congresso analise o caso. As informações são do The Guardian.


O que tinha nas mensagens

  • O texto de um jornalista da revista The Atlantic relatou críticas do vice-presidente, JD Vance, e do secretário de Defesa, Pete Hegseth, contra potências europeias aliadas dos EUA. “Eu apenas odeio salvar a Europa de novo”, escreveu Vance. “Eu compartilho totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus. É patético”, concorda Hegseth, em resposta.
  • Em outra mensagem, durante um debate sobre um possível adiamento da operação militar no Iêmen, Hegseth escreveu: “Acho que a mensagem vai ser difícil de qualquer maneira — ninguém sabe quem são os Houthis — e é por isso que precisamos nos concentrar em: 1) Biden falhou e 2) O Irã financiou”, argumenta o secretário de Defesa dos EUA.
  • “De acordo com o longo texto de Hegseth, as primeiras detonações no Iêmen seriam sentidas duas horas depois, às 13h45, horário do leste. Então, esperei no meu carro no estacionamento de um supermercado. Se esse bate-papo do Signal fosse real, pensei, os alvos Houthi logo seriam bombardeados. Por volta das 13h55, marquei X e procurei Iêmen. Explosões estavam sendo ouvidas em Sanaa, a capital”, escreveu o jornalista da revista The Atlantic.

O vazamento ocorreu após um integrante do governo ter adicionado, acidentalmente, um jornalista a um grupo privado no Signal, em que eram discutidos detalhes de operações militares contra alvos Houthi no Iêmen.

O caso foi revelado na última segunda-feira (24/3) e trouxe críticas tanto de democratas quanto de republicanos. A situação se agravou quando, nesta quarta-feira (26/3), novas mensagens vazadas foram divulgadas, contendo detalhes sobre alvos, horários de lançamento e até condições climáticas da operação.

Na terça (25/3), membros da segurança nacional prestaram esclarecimentos ao comitê de inteligência do Senado. O diretor nacional de inteligência, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA, John Ratcliffe, foram questionados sobre a falha de segurança.

Os funcionários alegaram que nenhuma informação confidencial foi exposta. No entanto, senadores republicanos pediram que o comitê de serviços armados e o comitê de inteligência do Senado aprofundassem a investigação.

O que dizem autoridades responsáveis

O senador Roger Wicker, presidente do comitê de serviços armados, declarou que pretende solicitar ao inspetor-geral do Departamento de Defesa uma análise detalhada do caso.

Já o conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, admitiu a responsabilidade pelo vazamento durante uma entrevista à Fox News. Segundo ele, a inclusão do jornalista no grupo foi um erro, mas ele negou que houvesse um responsável direto dentro do governo. Em meio à controvérsia, Waltz criticou o jornalista envolvido, chamando-o de “escória dos jornalistas”.

A situação gerou divisão entre os republicanos. Enquanto uma ala do partido apoia Waltz por sua postura em defesa de uma política externa mais agressiva, outra, alinhada ao presidente Trump, mostra resistência.

Trump, por sua vez, saiu em defesa de Waltz, classificando-o como um “homem muito bom”. Contudo, em declarações posteriores, Trump sugeriu que o vazamento pode ter sido causado por um funcionário subalterno, o que contradiz a versão de Waltz.

Além das investigações no Congresso, a organização sem fins lucrativos American Oversight entrou com uma ação judicial contra integrantes do governo Trump, alegando que o uso do Signal para discussões internas viola o Federal Records Act. A entidade pede que um tribunal federal obrigue os funcionários a preservar as mensagens trocadas no aplicativo.

Diante das críticas, Trump minimizou o episódio, classificando-o como uma “caça às bruxas” e sugerindo que o Signal pode ser uma plataforma “defeituosa”. O secretário de Estado, Marco Rubio, também comentou o caso durante uma visita à Jamaica, reconhecendo que houve um erro na adição do jornalista ao grupo.

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