Tarcísio elogia Milei e critica isenção do IR em fala na Faria Lima

São Paulo — Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou a proposta de isenção do Imposto de Renda e fez elogios a política de austeridade adotada pelo presidente argentino Javier Millei durante um evento desta sexta-feira (28/3).

Ao lado do CEO da Acciona – concessionária que é responsável pela obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo — o governador inaugurou uma conferência da Galápagos Capital, uma das companhias de investimentos mais tradicionais da capital paulista.

No evento, Tarcísio comentou a política tributária do governo federal, e disse que a proposta de isenção sob uma base, contraposta com a tributação de estoque de capital, “é um contrato com o fracasso”.

“Quando você, por exemplo, abre mão de uma base de pagantes relevantes, quando você troca e aí resolve fazer o seguinte: Eu vou abrir mão dessa base, que é o que todos os países fazem, e vou apostar em outra coisa, eu vou tributar o capital, vou tributar, o estoque de capital. Ou seja, eu vou destruir a poupança e impedir o investimento. E aí é o contrato com fracasso”, afirmou.

A fala do governador faz referência ao projeto de ampliação da faixa de isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais. O projeto, que está em tramitação no Congresso, prevê o aumento da incidência de impostos sob altas rendas e dividendos.

A ideia, segundo o governo federal, é que a maior tributação incida sobre os mais ricos, e garanta a arrecadação em compensação à redução do imposto sobre quem ganha menos — aquilo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defende ser uma “justiça tributária”.

A medida não cria um novo tributo, nem aumenta a alíquota geral do IR, mas visa fazer com que pessoas com altos rendimentos e que não pagavam impostos passem a contribuir proporcionalmente.

A ampliação da faixa de isenção do IR, contudo, é polêmica e criticada por alguns setores. Conforme noticiado pelo Metrópoles, há economistas que dizem que a medida pode desestimular a entrada de investimentos estrangeiros no país, enquanto outros indicam que haverá seleção melhor do perfil do investidor, que terá que repensar estratégias.

Na visão de Tarcísio, é um projeto apresentado com base em um cálculo eleitoral, e que reduz o investimento no país e poderá levar a “super inflação e superendividamento”. Ele criticou ainda a ampliação de programas sociais pelo governo.

“Eu tenho programas sociais explodindo e aumentando o estoque com BPC, Bolsa Família. A gente não está dando a porta de saída, não está emancipando ninguém e a gente vai ficar cada vez mais limitado”, disse Tarcísio de Freitas.

Elogios a Javier Milei

Durante o evento com os investidores, Tarcísio também fez elogios à política econômica de Javier Milei, presidente da Argentina, dizendo que, apesar da impopularidade de suas medidas, o mandatário conseguiu reduzir a inflação e aumentar o crescimento econômico do país.

“A gente precisa fazer o que tem que ser feito, porque vai ficar uma conta amarga para ser paga lá na frente. E alguém vai ter que chegar e tomar medidas impopulares para poder botar o Brasil no rumo certo. O Milei fez isso com muita propriedade na Argentina. Ele comunicou que ia tomar medidas duras na campanha, no discurso de posse, está tomando medidas duras”, disse Tarcísio.

Desde que assumiu o governo argentino em 2024, Milei implementou um programa de cortes, desregulamentações e privatizações de estatais no país.

As medidas, que visavam principalmente contas públicas, surtiram efeito na queda da inflação e no aumento da produção industrial do país. Para a classe mais pobre, contudo, a política aumentou o número de pessoas abaixo da linha da pobreza, o que afeta diretamente a popularidade do presidente.

“Se você me perguntasse se seria possível cortar 5% do PIB de despesa do estado em um ano, eu diria que é impossível, e ele fez. Consequência disso, a inflação está caindo e o fluxo de capital aumentou. Ele tem um problema ainda com o câmbio, mas ele está indo bem, está começando a tirar a cabeça do buraco, começando a querer crescer. A inflação foi lá para baixo.”

Em outubro deste ano, os argentinos irão às urnas para votar em cargos legislativos. O calendário eleitoral previa a realização de primárias no primeiro semestre de 2025, que foram suspensas após Milei argumentar que os custos eleitorais não eram compatíveis com a sua política de corte de gastos.

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