Amostras de concessionária apontaram água contaminada no Ibirapuera

São Paulo — Amostras coletadas em novembro, em torneiras e bebedouros do Parque Ibirapuera, em São Paulo, mostraram que 4 dos 11 pontos (36,6%) escolhidos para análise tinham água contaminada. Entre esses lugares estavam as torneiras da copa do ambulatório e de um dos locais do setor alimentar do parque.

Questionada na última quarta-feira (26/3), a concessionária Urbia, responsável pelo Ibirapuera, respondeu somente no início da tarde desse sábado (29/3), dizendo que os locais foram interditados assim que se constatou a contaminação e liberados após “nova análise laboratorial, que atestou a plena conformidade com os parâmetros exigidos para consumo humano”.

Já o grupo responsável pelo ponto de venda de alimentos não citou qualquer interdição e disse que efetua rigoroso controle de qualidade para atender aos parâmetros do Ministério da Saúde. Já a Prefeitura de São Paulo disse que aguardava a análise da recoleta de água, prevista para estar em relatório a ser divulgado em abril.

A Urbia obtém laudos de potabilidade da água mensalmente, em caráter preventivo. São analisadas torneiras de setores alimentares, como lanchonetes e restaurantes, e de bebedouros de setores operacionais, aqueles usados pelos trabalhadores do parque. Fornecer água potável é uma de suas obrigações contratuais.

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Imagem mostra local onde banho custa R$ 30 no Parque Ibirapuera, em São Paulo

Entrada do Parque Ibirapuera, em São Paulo
Banheiro do Parque Ibirapuera, em São Paulo
Imagem mostra carrinho de água de coco no Parque Ibirapuera, em São Paulo
Carrinho do Parque Ibirapuera, ponto onde os preços são mais baixos que no geral
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Banheiro do Parque Ibirapuera, em São Paulo

William Cardoso/Metrópoles

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Imagem mostra local onde banho custa R$ 30 no Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Entrada do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Banheiro do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Imagem mostra carrinho de água de coco no Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Carrinho do Parque Ibirapuera, ponto onde os preços são mais baixos que no geral

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Pessoas correm pelo Parque do Ibirapuera, em São Paulo

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Lago do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Casa Ultravioleta, do Nubank, no Parque Ibirapuera, em São Paulo

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Além das torneiras da copa do ambulatório e de um dos locais onde ocorre venda de alimentos, também foi detectada água contaminada em bebedouros de uma tenda da fonte multimídia e do refeitório operacional interno. As amostras foram coletadas em 14 de novembro e quatro delas não atendiam aos critérios da Portaria GM/MS n° 888, na qual se baseia o laudo de potabilidade.

Em relatório de atividades, ao qual a prefeitura também tem acesso desde janeiro, a concessionária mostrou que “foram investigadas as possíveis fontes de contaminação e implementadas ações corretivas, além de uma recoleta de água para nova análise, visando garantir que os padrões de potabilidade estejam em conformidade com a regulamentação vigente”.

Segundo a portaria na qual se baseia o laudo, “novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios”. As recoletas não devem ser consideradas no cálculo percentual de potabilidade, seja com resultados positivos ou negativos, de acordo com a portaria. As amostras que apresentaram resultado favorável ao consumo da água foram coletadas em 27 de dezembro e 15 de janeiro.

A Urbia foi questionada a respeito do que consta em seu relatório na última quarta-feira (26/3). A resposta foi cobrada também ao longo da quinta (27/3) e da sexta (28/3). O posicionamento da empresa foi encaminhado no início da tarde deste sábado (29/3), juntamente com três laudos referentes a torneiras do do setor alimentar, da copa do ambulatório e do bebedouro do refeitório interno.

O que dizem os responsáveis

A Urbia diz que, em relação aos pontos de hidratação mencionados na reportagem, assim que os laudos apontaram parâmetros fora dos padrões de potabilidade, “os equipamentos foram prontamente isolados”.

“Ressaltamos que a água fornecida no parque é potável e de responsabilidade da Sabesp. No entanto, como os pontos de fornecimento são de uso coletivo e expostos ao manuseio constante, é possível que ocorram alterações pontuais na qualidade da água, decorrentes exclusivamente do uso humano”, afirmou, em nota.

Segundo a Urbia, assim que foram identificadas inconformidades nos laudos, a concessionária “adotou de imediato todas as medidas corretivas e de higienização necessárias”. “A liberação dos equipamentos só ocorreu após nova análise laboratorial, que atestou a plena conformidade com os parâmetros exigidos para consumo humano”, disse.

A administração municipal, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), disse que o contrato de concessão estabelece que a Urbia deverá garantir o fornecimento de água potável para os usuários em todos os bebedouros, além daqueles que estão em setores operacionais, torneiras de setores alimentares e tanques.

“A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente recebeu o último relatório, referente ao 4º trimestre de 2024, e aguarda a análise da recoleta de água, que será disponibilizada no relatório do 1º trimestre de 2025, previsto para o mês de abril”, afirmou. “A partir dos laudos e do trabalho de gestão preventiva de risco, são realizadas as medidas de adequações ou corretivas quando encontrada alguma inconformidade”, disse.

A prefeitura não informou se, após receber os resultados que apontavam a contaminação, enviou a Vigilância Sanitária ao Ibirapuera para verificar a qualidade da água, nem quais medidas foram tomadas em relação à concessionária.

Já a responsável pela torneira do setor alimentar afirmou que, “com frequência e regularidade, efetua o rigoroso controle de qualidade da água utilizada para aferir a sua potabilidade, por meio de análise de amostras realizada por empresa especializada em ensaios microbiológicos de acordo com os parâmetros sanitários determinados pelos atos normativos do Ministério da Saúde, de forma a cumprir e atender integralmente a legislação em vigor”. Não foi citada a interdição mencionada pela Urbia.

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