Inflação fora da meta até 2027: Warren alerta para pressão nos serviços

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Durante entrevista à BM&C News, a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andrea Angelo, comentou o mais recente Relatório de Política Monetária do Banco Central, que projetou a convergência da inflação para o centro da meta (3%) apenas no terceiro trimestre de 2027.

Para Andrea, a linguagem mais dura do BC tem um objetivo claro: conter o otimismo do mercado com relação a novos cortes na taxa Selic, especialmente após as expectativas do relatório Focus indicarem uma tendência de queda dos juros. “A estratégia do Banco Central é tentar remover essas projeções de cortes da curva, reforçando que a inflação ainda está longe de uma trajetória confortável”, avaliou.

Inflação de serviços segue pressionada

Apesar da desaceleração no índice cheio da inflação, Andrea chama a atenção para o comportamento dos núcleos de inflação, especialmente o de serviços. Segundo a estrategista, esse componente permanece elevado, com média anualizada entre 6% e 7%, o que ainda pressiona a condução da política monetária.

Mesmo com um IPCA projetado em torno de 5,5%, a inflação de serviços continua muito acima do que seria compatível com a meta”, afirmou. Historicamente, esse segmento gira entre 1 e 1,5 ponto percentual acima da meta oficial. Portanto, com a meta em 3%, seria razoável ver os serviços rodando entre 4% e 4,5%, o que ainda está distante do observado.

Choques recentes impactam a trajetória da inflação

Andrea também pontuou que a virada do ano trouxe choques relevantes, que alteraram o patamar de preços. Entre os principais vetores estão a alta de 21% na carne bovina em apenas três meses, os reajustes na bandeira tarifária de energia elétrica e a desvalorização cambial, que impulsionou repasses em bens e serviços.

Esses fatores contribuíram para um novo patamar de preços, que dificulta a desaceleração mais estrutural da inflação. “O Banco Central precisa de mais evidências de que esse processo está se consolidando antes de considerar cortes adicionais na Selic”, observou.

Credibilidade exige cautela e comunicação firme

Para a estrategista da Warren, o BC age corretamente ao adotar uma postura de cautela neste momento. Segundo ela, a comunicação mais firme é fundamental para preservar a credibilidade da política monetária diante de expectativas de inflação ainda desancoradas.

O BC precisa ser surpreendido positivamente por novos dados antes de qualquer mudança de trajetória. No atual contexto, ainda é cedo para afrouxar os juros de forma mais agressiva”, concluiu Andrea.

Cenário segue exigindo atenção

O recado do Banco Central, segundo Andrea Angelo, é claro: a batalha contra a inflação ainda não acabou. A combinação de núcleos elevados, expectativas desancoradas e choques recentes exige uma condução prudente da política monetária — e isso significa manter a Selic elevada por mais tempo do que o mercado gostaria.

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