Pontes assassinas ameaçam vidas: é rezar para não cair e MP intervém em Rurópolis

No sudoeste do Pará, um perigo silencioso ronda as estradas da zona rural, especialmente em Rurópolis, às margens da rodovia Transamazônica: as chamadas “pontes assassinas”. Estruturas precárias, corroídas pelo tempo e pela falta de manutenção, colocam em risco a vida de moradores, trabalhadores e, sobretudo, crianças que dependem do transporte escolar para chegar às salas de aula. Diante de um cenário alarmante, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) decidiu agir para proteger a população e evitar tragédias iminentes.

A iniciativa partiu da Promotoria de Justiça de Ulianópolis, sob o comando do promotor Adriano Moda Silva, que assinou a Recomendação nº 2/2025. O documento, expedido após denúncias sobre as condições críticas de uma ponte na estrada que liga as comunidades JK e Kauana, exige medidas urgentes do poder executivo municipal.

A estrutura, essencial para o deslocamento de estudantes, está à beira do colapso, com rachaduras e desgaste que transformam cada travessia em uma roleta-russa para os moradores.

O promotor não mediu esforços ao detalhar as ações necessárias: a reforma imediata da ponte JK-Kauana, a avaliação técnica de todas as pontes em estado crítico no município, a interdição das que oferecem risco iminente de desabamento e a priorização das obras conforme a gravidade dos danos. “Estamos falando de vidas, de famílias que dependem dessas vias para sobreviver”, destacou uma fonte próxima ao MPPA.

A recomendação visa não apenas consertar o que está quebrado, mas garantir a segurança de longo prazo e a continuidade de serviços essenciais, como o transporte escolar, que não pode parar.

Rezar para não cair

A denúncia que motivou a ação revelou um quadro de negligência: madeira podre, vigas comprometidas e ausência de sinalização de perigo. Para quem vive nas comunidades afetadas, o medo é constante. “A gente passa rezando pra não cair”, relatou um morador que preferiu não se identificar. Casos de acidentes envolvendo pontes malconservadas não são novidade na região, o que torna a intervenção do MPPA um grito de alerta contra a inércia que já custou vidas no passado.

Após a pressão do Ministério Público, a prefeitura de Rurópolis acatou as exigências e deu início à reforma da ponte entre JK e Kauana. Mas o problema vai além de uma única estrutura. Centenas de pontes espalhadas pelo interior do município, muitas delas na rota da Transamazônica, seguem em condições deploráveis, exigindo uma resposta mais ampla. O MPPA acompanha de perto os desdobramentos por meio de um Procedimento Administrativo, prometendo não descansar enquanto o risco persistir.

A situação expõe uma ferida aberta no sudoeste paraense: a precariedade da infraestrutura viária, agravada pela falta de investimentos e pelo isolamento geográfico. Para a população, a ação do Ministério Público é um sopro de esperança em meio ao descaso.

Resta agora saber se as “pontes assassinas” deixarão de ser uma ameaça mortal ou se continuarão a assombrar as estradas da região. O tempo, e a vontade política, dirão.

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