Golpe de R$ 1 milhão em 24h revela uma das maiores quadrilhas do país

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (1º/4) a Operação Tripeiros, com o objetivo de desmantelar uma das maiores organizações criminosas especializadas em fraudes bancárias contra pessoas jurídicas. O grupo atuava de forma estruturada e com alto grau de sofisticação tecnológica, usando táticas de engenharia social e phishing para desviar milhões de reais de contas empresariais.

As investigações revelaram que os criminosos acessavam dados de clientes empresariais e criavam páginas falsas (sites “clones”) de bancos, induzindo as vítimas, por meio de engenharia social, a acessarem os endereços fraudulentos.

A partir daí, obtinham credenciais bancárias e realizavam transferências vultosas. Em um dos casos investigados, quase R$ 1 milhão foi furtado de uma única conta em questão de minutos, com o valor sendo distribuído entre mais de 70 contas de “laranjas” espalhadas por todo o país.

A quadrilha operava com sofisticação tecnológica e logística, utilizando sucessivas camadas de contas bancárias de terceiros — os chamados “laranjas” — para dificultar o rastreamento dos valores. Segundo a PF, os investigados mantinham inclusive agentes especializados no recrutamento dessas pessoas, que recebiam comissões para emprestar suas contas ou intermediar as transferências.

Ao longo do período investigado, que durou um ano e meio, a organização movimentou mais de R$ 100 milhões em recursos ilícitos. A ação foi coordenada pela Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da PF, com base na Lei 10.446, que atribui à Polícia Federal a apuração de crimes praticados por organizações que atuem em mais de um estado contra instituições financeiras.

Nesta fase da operação, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva, 18 de busca e apreensão e ordens de sequestro de bens em São Paulo, Goiás, Santa Catarina e Ceará, autorizados pela Justiça Estadual de São Paulo.

Operação Faroeste Digital
A operação Tripeiros é um desdobramento direto da Operação Faroeste Digital, deflagrada em 30 de abril de 2024. Na ocasião, um dos investigados, ao perceber a aproximação dos agentes, jogou um celular pela janela, o que acabou fornecendo elementos cruciais para identificar a rede criminosa e dar início a uma nova frente de investigações.

A Faroeste Digital já havia revelado uma estrutura complexa de fraudes, com o desvio de R$ 2 milhões de duas empresas e o envolvimento de uma vasta rede de “laranjas”. A pulverização dos valores em múltiplas etapas de transferências permitia o retorno do dinheiro aos criminosos com aparente “legalidade”, após o pagamento de comissões aos intermediários.

A Operação Tripeiros também integra a força-tarefa Tentáculos, que reúne a Polícia Federal e instituições bancárias na repressão a fraudes cibernéticas.

Os investigados poderão responder por organização criminosa, furto mediante fraude, invasão de dispositivo informático, falsidade documental e lavagem de dinheiro.

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