Um dos alvos da 3ª fase da operação Overclean é Gustavo Sobral, apontado pela Polícia Federal como lobista que intermediava a liberação de emendas nos ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional e no da Agricultura.
A coluna apurou que Sobral é apontado como quem operacionalizava a liberação de emendas nessas pastas com objetivo de favorecer as empresas de Alex Parente, entre elas a Allpha Pavimentações.
As empresas de Alex e do seu irmão, Fabio Parente, têm contratos milionários bancados com emendas parlamentares.
A maioria dos contratos são com órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Os dois órgão estão vinculados ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, chefiado por Waldez Góes, político do União Brasil.
A operação Overclean mira integrantes da cúpula do União Brasil e foi enviada para o Supremo Tribunal Federal após encontrar indícios da participação em desvios do deputado Elmar Nascimento (União-BA).

A Allpha Pavimentações, de Alex Parente, já recebeu ao R$ 67 milhões do DNOCS, de um total de cerca de R$ 130 milhões em contratos assinados entre 2021 e 2024.
Os pagamentos se iniciaram em junho de 2021, no governo de Jair Bolsonaro (PL), e foram efetuados até julho de 2024, já sob Lula (PT).
Dados do Portal da Transparência do governo federal mostram que a verba utilizada nos pagamentos tem origem na rubrica do orçamento que ficou conhecida como orçamento secreto.
A 3ª fase da operação Overclean cumpre 16 mandados de busca e apreensão contra investigados e uma ordem de afastamento do secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral.
Alex Parente e o empresário José Marcos de Moura, apontado como Rei do Lixo na Bahia, foram alvos de busca por suspeita de obstrução de Justiça.
O objetivo é avançar na investigação sobre uma organização criminosa suspeita atuar em “fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.”
Os mandados de busca são cumpridos em Salvador (BA), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Aracaju (SE) e foram expedidos pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, atual relator do caso.
União Brasil
Como mostrou a coluna, as informações coletadas pela Polícia Federal nas duas primeiras fases da Overclean apontam a relação de integrantes da cúpula nacional do União Brasil com empresas e pessoas investigadas
A investigação teve início para apurar desvios em um contrato do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), mas expandiu seu foco após quebras de sigilo telemático e gravações ambientais que mostraram a atuação de um grupo de empresas em contratos milionários firmados com o governo federal e administrações estaduais e municipais.
A Overclean passou a causar temor entre políticos após a PF apreender R$ 1,5 milhão, anotações e planilhas em um avião que viajava de Salvador para Brasília.
Nesse material, a PF diz ter apreendido a contabilidade clandestina do grupo investigado.
Após encontrar os documentos, a PF passou a analisá-los com outras informações colhidas na investigação sobre desvios milionários em contratos com o DNOCS, estados e municípios.
O primeiro resultado na análise foi a realização da segunda fase da Overclean, em 23 de dezembro, com a prisão de um policial federal; do vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA), Vidigal Cafezeiro Neto; do secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista (BA), Lucas Dias; e de Carlos André Coelho, apontado como operador do grupo.
Os quatro foram soltos dias depois pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Todos aparecem, diz a PF, em anotações e documentos apreendidos no avião que transportava a quantia de R$ 1,5 milhão.