Inquéritos de crimes cibernéticos triplicam e PF tem 191 casos

Os inquéritos da Polícia Federal (PF) abertos anualmente para apurar crimes cibernéticos quase triplicaram nos útimos quatro anos, passando de 46, em 2020, para 129, em 2024.

As suspeitas apuradas envolvem crimes como invasão de dispositivos, ataques hacker e acesso a plataformas de órgãos públicos. Atualamente, a PF conduz 191 investigações sobre esses tipos de crimes.

Os dados foram obtidos pela coluna por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), fornecidas pela Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da corporação.

Somente neste ano já foram abertos 42 novos inquéritos até 10 de março, quando os dados foram coletados. Apesar de 2025 ainda contar apenas com informações parciais, o montante chega perto do total aberto nos anos de 2020, 2022 (45) e 2023 (49).

A maioria das apurações instauradas (algumas já encerradas) envolve invasão de dispositivos com o objetivo de obter, modificar ou destruir dados ou informações sem a devida autorização, sendo o caso em 225 inquéritos.

Em outros 14, por exemplo, são investigados a manipulação ou inserção de dados falsos em sistemas da administração pública e em 13 há a apuração acerca da existência de organizações criminosas.

Um mesmo caso, no entanto, pode apurar indícios de mais de um crime.

Os números mostram que, muito embora tenha havido um aumento em 2021, com a instauração de 72 inquéritos, a disparada se deu em 2024.

Na série analisada, por exemplo, o ano de 2022 é o que soma o menor número de investigaões instauradas, totalizando 45 novas investigações. No ano seguinte, em 2023, foram 49.

Desde 2020 até o momento, contando os primeiros meses de 2025, foram instaurados 383 inquéritos. Desses, 191 seguem em andamento até hoje.

Os dados mostram, ainda, que foram realizados 61 indiciamentos de investigados pelos crimes cibernéticos.

Polícia Federal PF Brasília

Casos investigados

Um dos casos que envolvem esse tipo de crime é investigado pela corporação no âmbito da operação Databrokers, que revelou a existência de um grupo de brasileiros que utilizavam a ferramenta do maior grupo cibercriminoso do mundo.

A operação foi deflagrada no final de fevereiro e, como mostrou a coluna, os investigadores encontraram indícios de que os alvos usavam ransomware (um software malicioso) do LockBit.

O grupo, alvo de investigações no exterior, produz um ransomware que entra em sistemas, bloqueia o acesso dos usuários usando criptografia, por exemplo, para depois cobrar pagamento e devolver o acesso aos dados.

Conforme noticiou a coluna, os hackers brasileiros usavam a ferramenta para criar acesso a sistemas depois comercializados em fóruns da darkweb.

Antes, em 2024, a PF passou a apurar um ataque cibernético contra os sistemas do governo federal que teria atingido sistemas internos e administrativos do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).

No mesmo ano, a PF também chegou a prender um hacker suspeito de invadir os sistemas da própria corporação e de outras instituições internacionais, como o FBI e entidades privadas dos EUA.

Em um caso mais recente, de fevereiro deste ano, a PF deflagrou a operação Data Change, que investiga um grupo criminoso que conseguiu acessar, de forma ilícita, o sistema de execução penal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Segundo a corporação divulgou na época, as fraudes consistiam em alterações de dados relacionados às penas e inserção de documentos falsos, mas o ataque foi rapidamente identificado pelo CNJ.

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