Golpes com deepfake usam rostos de famosos e enganam milhares

Golpes com deepfake usam rostos de famosos e enganam milhares

Um novo levantamento realizado pelo projeto “Será que é golpe?”, da Lupa, revela um dado alarmante: um a cada seis golpes virtuais registrados no país utiliza a imagem de personalidades famosas para atrair vítimas. A estratégia, que se baseia na confiança do público nessas figuras, está sendo amplamente explorada por criminosos digitais, com métodos cada vez mais sofisticados.

Dos mais de 120 golpes analisados, 24 envolviam nomes conhecidos do público. Entre eles, 60% eram jornalistas e apresentadores de televisão, como César Tralli, William Bonner e Fátima Bernardes. Além deles, políticos como o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro, e influenciadores como Pablo Marçal, também tiveram suas imagens exploradas.

O uso indevido da imagem de celebridades cria um falso senso de segurança nas vítimas, que muitas vezes não desconfiam de conteúdos que parecem ter o endosso dessas figuras públicas. O estudo aponta que os golpistas se aproveitam da credibilidade dos famosos para manipular a percepção das pessoas, incentivando ações que envolvem o fornecimento de dados pessoais ou o pagamento de valores via Pix.

Tela de Dados pessoais – Créditos: depositphotos.com / WrightStudio

Deep fake torna golpes mais reais e perigosos com manipulação de voz e imagem

A principal técnica usada pelos criminosos para dar veracidade aos golpes é o deepfake, tecnologia baseada em inteligência artificial que permite manipular rostos, expressões, falas e vozes. Com isso, os vídeos fraudulentos parecem cada vez mais autênticos, dificultando a identificação do golpe até mesmo para os usuários mais atentos.

Entre os exemplos mais recentes está um vídeo falso que utilizava a imagem da atriz Giovanna Ewbank para promover um produto de beleza supostamente milagroso. A simulação, feita com IA, mostrava a artista falando sobre os benefícios de um creme facial — conteúdo que nunca foi produzido por ela, mas que enganou diversos internautas.

Os golpistas têm acesso a bancos de dados com vídeos, entrevistas e gravações públicas dessas figuras e, a partir disso, alimentam softwares que geram vídeos artificialmente realistas. Em muitos casos, a voz é recriada com precisão assustadora, aumentando a eficácia do golpe.

Esse avanço tecnológico amplia a complexidade das fraudes e exige que os usuários redobrem a atenção com conteúdos recebidos, mesmo quando parecem ser de fontes conhecidas.

Famosos de diferentes áreas são usados para legitimar fraudes e atrair vítimas

A variedade de nomes utilizados pelos criminosos mostra que nenhuma área de atuação está imune. Atores, jornalistas, políticos, empresários, atletas e influenciadores digitais são alvos constantes, especialmente aqueles com grande exposição nas redes sociais ou na televisão.

Veja alguns dos nomes mais usados:

  • Jornalistas e apresentadores: Fátima Bernardes, William Bonner, César Tralli, Ratinho, Celso Portiolli, Marcos Mion
  • Políticos: Lula, Jair Bolsonaro, Nikolas Ferreira
  • Empresários: Pablo Marçal, Luciano Hang
  • Outros: Matheus Nachtergaele (ator), Paulo Henrique Ganso (jogador de futebol), Giorgio Barone (youtuber)

O uso dessas personalidades visa ampliar a abrangência das fraudes, atingindo públicos diversos e adaptando o discurso do golpe conforme o perfil da vítima. Por exemplo, vídeos com políticos tendem a explorar programas sociais, enquanto conteúdos com celebridades da TV são usados para promover produtos estéticos ou terapêuticos.

Golpe digital – Créditos: depositphotos.com / pugun_sinlapachai.hotmail.com

Golpes financeiros dominam as fraudes e visam dados e transferências via pix

O foco principal das fraudes segue sendo o financeiro. Os criminosos criam narrativas convincentes para levar a vítima a fornecer informações pessoais, como CPF, endereço, telefone e, principalmente, a realizar pagamentos em pix para supostos cadastros, promoções ou promessas de lucros rápidos com investimentos.

Os temas mais comuns envolvem:

  • Criptomoedas e investimentos fictícios
  • Produtos de beleza com efeitos milagrosos
  • Suplementos e medicamentos falsificados
  • Promoções relâmpago com preços irreais
  • Benefícios sociais que não existem

Independentemente da abordagem, o padrão se repete: o conteúdo sugere uma vantagem tentadora, convida o usuário a acessar um site ou preencher dados e, por fim, solicita um pagamento inicial. Essa estrutura já lesou milhares de brasileiros, muitos dos quais acabam não registrando ocorrência, dificultando o rastreamento dos golpistas.

Como se proteger de golpes com deepfake e identificar fraudes com celebridades

Diante do crescimento de golpes com uso de IA e imagens de famosos, é fundamental que os usuários adotem hábitos digitais mais críticos. Especialistas em cibersegurança recomendam desconfiar de vídeos em que o rosto e a voz de celebridades pareçam artificialmente estáticos, com falas fora de contexto ou expressões pouco naturais.

Confira algumas dicas para evitar cair em golpes:

  • Desconfie de promessas muito vantajosas, principalmente envolvendo dinheiro rápido ou curas milagrosas
  • Não confie apenas na imagem de uma pessoa conhecida
  • Busque a fonte oficial da informação: perfis verificados, veículos de imprensa ou sites institucionais
  • Evite clicar em links enviados por WhatsApp ou redes sociais sem verificar sua procedência
  • Nunca forneça dados sensíveis ou realize pagamentos sem confirmar a veracidade da oferta

A tendência é que o uso de deep fake se intensifique nos próximos anos, exigindo não apenas atenção individual, mas também iniciativas governamentais e tecnológicas para combater a manipulação digital em larga escala. O consumidor precisa se informar, denunciar e adotar uma postura crítica diante da enxurrada de conteúdos que circulam diariamente na internet.

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