Bolsas desabam na UE e Ásia após tarifaço de Trump e reação da China

Os mercados de ações na Ásia e os europeus abriram em forte queda nesta segunda-feira (7/4) em reação à ofensiva tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, e à retaliação chinesa.

Na Europa, no início do pregão, a Bolsa de Valores de Frankfurt caiu 5,75% após despencar 10%. Na abertura das praças em Paris, Londres, Milão e na Suíça, os mercados registraram queda de 5,68%, 5,21%, 6,37% e 6,51%.

De acordo com a Comissão Europeia, o bloco deve se adaptar “a uma reconfiguração do comércio mundial”.

Na Ásia, o mercado de ações de Hong Kong caiu mais de 12% na abertura, nesta segunda e fechou a – 13,22. Esta é a maior queda registrada em 16 anos. O Shanghai Composite Index registrou – 7,34% e o Shenzhen Composite Index – 9,66%.

A Bolsa de Valores de Tóquio fechou a segunda com quase – 8% e a de Seul encerrou a sessão com – 5,6%, Sydney caiu 4,2% e Seul 5,57%.O petróleo atingiu a maior baixa em quase quatro anos durante a noite.

“O pânico está tomando conta das ações sem exceção”, analisam os especialistas do Saxo Bank. “Os mercados estão passando por uma de suas piores turbulências, como resultado da escalada da guerra comercial entre as maiores economias do mundo.”

“É difícil contextualizar o choque ocorrido desde o “Dia da Libertação” na última quarta-feira”, ressaltam os economistas do Deutsche Bank. “É o maior choque para o sistema de comércio mundial desde o colapso de Bretton Woods” (em 1971).

O “Dia da Libertação” é uma data inventada pelo governo Trump, no dia 2 de abril, que comemora o anúncio das novas tarifas alfandegárias.

“A semana passada marcou o início de uma liquidação histórica nos mercados”, que acelerou na segunda-feira, diz Ipek Ozkardeskaya, analista do Swissquote Bank.

Questionado sobre a reação violenta dos mercados de ações à sua ofensiva comercial, Donald Trump defendeu as medidas neste domingo (6), em declarações dadas aos jornalistas a bordo do Air Force One, após voltar de um fim de semana de golfe na Flórida.

“Muito mais forte”

Para o presidente americano, as quedas nos mercados americanos e mundiais mostram que sua política tarifária estava funcionando, como um “remédio”. Trump garantiu que seu país estava “muito mais forte” e acrescentou que a reação negativa das praças mundiais não era um “desejo deliberado de sua parte”.

O presidente republicano acusa os parceiros econômicos dos Estados Unidos de “roubo” e por isso decidiu impor uma tarifa universal de 10% sobre todos os produtos importados para os Estados Unidos, que entrou em vigor no sábado (5/4).

Vários parceiros comerciais serão alvos de novos aumentos na quarta-feira (9/4), incluindo a União Europeia (20%) e a China (34%). Em resposta, Pequim anunciou suas próprias tarifas na sexta-feira. A decisão aumenta os riscos de derrocada da economia global.

O país anunciou que aplicará tarifas de 34% sobre as importações dos EUA, que visam “trazer os Estados Unidos de volta ao caminho certo”, segundo Ling Ji, vice-ministro do Comércio. Ele garantiu que a China continuará sendo “um terreno seguro” para os investimentos estrangeiros.

De acordo com governo americano, 50 países já haviam entrado em contato com a Casa Branca para negociar as tarifas. Trump vem sendo alvo de várias críticas e membros do governo americano têm buscado defender suas políticas na TV, de acordo com o correspondente da RFI em Atlanta, Edward Maille.

Salários caíram

Em entrevista o canal ABC, Kevin Hassett, o principal assessor econômico da Casa Branca, defendeu a política tarifária de Trump, apesar do risco inflacionário. “Se os bens mais baratos fossem a solução e melhorassem a renda e a riqueza dos americanos, então a renda real teria aumentado, mas na verdade caiu, porque os salários caíram”, argumentou.

Peter Navarro, conselheiro para o Comércio e a Indústria, disse em entrevista à Fox News que as medidas do presidente vão “devolver” aos EUA de US$ 6 a 7 trilhões em dez anos.

“Cada dólar que recebemos das taxas alfandegárias de países estrangeiros que nos roubaram irá diretamente para os americanos, reduzindo os impostos e a dívida pública.”

No canal CBS, o secretário de Comércio Howard Lutnick se apresentou como um defensor da reindustrialização dos Estados Unidos. “Esta é uma questão de segurança nacional. Não produzimos mais medicamentos neste país, não fabricamos navios, não temos aço e alumínio suficientes para lutar em uma guerra.”

Resposta coordenada da China e da UE?

Os ministros das Relações Exteriores europeus reúnem-se nesta segunda-feira em Bruxelas para discutir as relações comerciais entre a UE e os Estados Unidos e entre a UE e a China, e como eles vão lidar com as novas tarifas.

O vice-ministro do Comércio chinês, Ling Ji, já deu a entender que espera uma “maior cooperação entre Pequim e Bruxelas”. Segundo ele, a China não descarta uma “resposta coordenada às novas tarifas dos EUA”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.