Mau cheiro e insegurança: revezamento de coletes da PM chega a SP

São Paulo — A determinação de comandantes da Polícia Militar para que as tropas devolvam e façam revezamento de coletes balísticos tem irritado PMs de diferentes batalhões da região metropolitana e do interior de São Paulo. A prática tem sido adotada devido ao vencimento do prazo de validade de alguns dos equipamentos que estavam em uso.

Conforme revelado pelo Metrópoles, os revezamentos começaram em em Campinas em fevereiro, por determinação do 8º e do 47º Batalhões do Interior. Recentemente, batalhões de Ribeirão Preto, Guarulhos e da capital também recorreram a esse modelo.

No caso da 1ª Companhia do 27º BPM metropolitano, na zona sul de São Paulo, a ordem para o revezamento dos equipamentos foi repassada via WhatsApp. “O que vai acontecer é que vamos ter de recolher, além dos vencidos, mais 40 coletes para ficar no arma e desarma. A ordem vai ser por antiguidade”, disse um capitão aos subordinados. “Essa situação é passageira”, acrescentou ele.

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Coletes balísticos com manchas de suor

Colete balístico de tamanho desproporcional
Coletes balísticos secando no sol
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Coletes balísticos com manchas de suor

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Coletes balísticos com manchas de suor

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Colete balístico de tamanho desproporcional

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Coletes balísticos secando no sol

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O mesmo aconteceu na 3ª Companhia do 30º BPM, de Mauá. O Cabo Davi Orneles dos Santos, lotado no batalhão, divulgou um vídeo em suas redes sociais criticando a nova prática.

“Fui surpreendido com a notícia de que eu terei que entregar o meu colete. Para quem tem acompanhado aí, a PM está com um monte de coletes vencidos e não tem colete novo para os policiais. […] Deixaram os coletes vencer e não tem colete para fornecer para os policiais. Então agora a gente tem que entregar os nosso coletes para serem usados de forma coletiva. Ó, que beleza. Hoje estou entregando o meu colete e acredito que eu nunca mais o veja”, afirma.

Assista:

Policiais militares críticos à medida apontam que os equipamentos de proteção são de uso individual, conforme recomenda a fabricante MKU. O uso de coletes com tamanhos maiores ou menores do que o do policial pode colocá-lo em risco, e provocar a redução da mobilidade operacional.

“O ajuste correto do colete balístico é crucial para sua eficácia. Um colete que não está bem ajustado no corpo pode comprometer a proteção oferecida, especialmente nas áreas vitais”, afirma a MKU.

Para além dos riscos, o revezamento dos coletes estaria obrigando os PMs a utilizarem equipamentos com mau cheiro e manchas de suor. “Estou com umas alergias na região do peito. Acredito que esse revezamento tenha influência”, afirma um policial não identificado.

Outra crítica feita pelos PMs é que, sem um colete próprio, eles ficam impossibilitados de realizar os serviços de bico oficiais durante as folgas, como a Operação Delegada e a Dejem (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar). Com isso, os policiais têm suas rendes mensais reduzidas.

O governo de São Paulo diz ter comprado 17 mil coletes para substituir os vencidos, e que as novas unidades devem ser entregues nos próximos dias.

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