Lemann: tarifaço de Trump é confuso e vai “sacudir as coisas”

A política tarifária levada a cabo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é “confusa” e pode causar “um pouco de disrupção” em todo o mundo, mas ainda é cedo para projetar quais serão seus impactos em escala global. A afirmação é do bilionário Jorge Paulo Lemann, que participou neste sábado (12/4) de um evento promovido por estudantes brasileiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Harvard, em Cambridge (EUA).

“Eu acredito que vai causar um pouco de disrupção, vai sacudir as coisas. E certamente estamos sacudindo, mas acho que estão sacudindo um pouco demais. E ninguém realmente sabe o resultado. Tem que ir navegando”, disse Lemann, ao participar de um painel com Brad Jacobs, CEO e criador da XPO – empresa de logística que presta serviços para gigantes da tecnologia como Amazon e Apple.

“Vamos ter que esperar um tempo para ver. Mas ainda acredito muito nos EUA, na filosofia daqui e em todos os empreendedores que vocês têm nos EUA”, prosseguiu o empresário. “Não dá para saber quais serão os resultados. Podemos ter desdobramentos positivos, mas também consequências muito disruptivas.”

Jorge Paulo Lemann, um dos homens mais ricos do Brasil, é dono de uma fundação que patrocina o evento anual dos alunos brasileiros do MIT e de Harvard.

Ele também é um dos acionistas de referência da Americanas, empresa envolvida em uma fraude contábil bilionária no início de 2023. O episódio, hoje apontado como o maior escândalo corporativo da história do Brasil, deflagrou uma série de acontecimentos que levaram a Americanas à lona. Mais de 2 anos depois, a varejista ainda está longe de uma recuperação total.

No fim do mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 13 ex-executivos e ex-funcionários da Americanas por supostas fraudes na companhia, cujo prejuízo é estimado em cerca de R$ 25 bilhões. A decisão foi tomada após a Polícia Federal (PF) indiciar os envolvidos.

Os três acionistas de referência da empresa – além de Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – não foram denunciados.

Guerra comercial

Na última sexta-feira (11/4), em retaliação às tarifas que somam 145% impostas por Trump, a China aumentou suas taxas sobre produtos norte-americanos para 125%.

O governo de Pequim afirmou, neste sábado, que o pacote de tarifas comerciais impostas por Trump causará “graves prejuízos”, especialmente aos países em desenvolvimento.

Em manifestação contra os EUA encaminhada à Organização Mundial do Comércio (OMC), o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, falou até na possibilidade de uma “crise humanitária” de consequências imprevisíveis.

Também neste sábado, os EUA anunciaram que smartphones, computadores, chips e outros eletrônicos ficarão isentos das tarifas comerciais impostas pela Casa Branca – de 145% sobre os produtos importados da China e 10% aos demais países.

Além dos celulares, ficam isentos das tarifas laptops, discos rígidos, processadores de computador e chips de memória. Em geral, esses itens não são fabricados nos EUA.

Ainda na lista de produtos excluídos da aplicação das tarifas, aparecem máquinas utilizadas para a fabricação de semicondutores.

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